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Falas de Mourão e Bolsonaro expressam racha entre militares sobre a crise

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, não está sozinho entre os militares na sua avaliação sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia. Ele expressou uma opinião corrente entre generais do Exército brasileiro, tanto da ativa como da Reserva.

Mas a opinião de Mourão não é compartilhada pelo presidente Jair Bolsonaro, nem pelos ministros militares do Planalto, assim como o ministro da Defesa, general Braga Neto e seus auxiliares mais próximos na pasta. Na verdade, os militares de alta patente estão divididos sobre o assunto.

Mourão está alinhado coma posição dos Estados Unidos e da União Europeia. Afirmou na manhã desta quinta-feira, 24, que não é possível permitir que o governo russo invada o país vizinho, para não se repetir o que aconteceu na Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945.

“Se o mundo ocidental deixar que a Ucrânia caia por terra, o próximo será a Moldávia. Depois, os estados bálticos, e assim sucessivamente, igual à Alemanha hitlerista fez no final dos anos 30”, declarou.

Em sua live semanal, também nesta quinta-feira, Bolsonaro desautorizou o vice-presidente “O artigo 84 da Constituição diz que quem fala sobre o assunto é o presidente. E o presidente chama-se Jair Messias Bolsonaro. E ponto final. Com todo respeito à essa pessoa que falou isso, e eu vi as imagens, falou mesmo, está falando algo que não deve. Não é de competência dela. É de competência nossa”, disse.

O presidente brasileiro ainda aproveitou para elogiar Putin: “Viajamos em paz para a Rússia, fizemos um contato excepcional com o presidente Putin. Acertamos a questão de fertilizantes para o Brasil. Somos dependentes de fertilizantes da Rússia, da Bielorrusia, em grande parte desses países. E o país mais importante do mundo chama-se Brasil.”

A opinião de Mourão é uma posição histórica dos militares, baseada na análise geopolítica de que devemos nos colocar o mais neutro possível nos conflitos internacionais, porém dentro do arco de alinhamento dos países do mundo ocidental.

Os militares que acompanham Bolsonaro, no entanto, acham que, no momento atual, há implicações econômicas que devem fazer com que o Brasil tente se equilibrar numa posição de neutralidade.

O presidente chegou a citar essas implicações em sua live, como a questão da dependência brasileira dos fertilizantes russos. Mas, na verdade ele tem como motivo principal a proximidade das eleições presidenciais.

O núcleo de eleitores bolsonaristas está alinhado às ideias conservadores radicais defendidas pelo ex-presidente dos EUA Donald Trump. E, além disso, os russos já demonstraram nas eleições dos EUA que possuem tecnologia desenvolvida para a chamada guerra cibernética.

Carlos Bolsonaro, o filho Zero Dois do presidente e que coordeou a área de internet na campanha de 2018, acompanhou Bolsonaro na viagem a Moscou e participou de algumas das principais reuniões.

Fonte: UOL/Tales Farias

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