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Professora denuncia farsa das aulas remotas e falsificação de notas de alunos das escolas da prefeitura de Teresina

Um vídeo da professora Dione Lima Araújo, da rede municipal de ensino público de Teresina, vem se espalhando pelas redes sociais com graves denúncias à gestão tucana na área da educação. Segundo a professora, ela não participa do que chama de “farsa remota” que a Secretaria Municipal de Educação (Semec) vem promovendo dizendo que as crianças estão participando das aulas, mas ela afirma que isso não é verdade. Ela também denuncia falsificação de notas dos alunos para que a prefeitura se destaque em avaliações do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Em turmas de 40 alunos, somente 6 ou 7 participam das aulas, de acordo com a professora, acrescentando que mesmo assim, com poucos alunos, nem todos fazem as tarefas. Porém, a Semec impõe notas afirmativas para todos os alunos, para mostrar que Teresina tem a melhor educação. “Mas não é verdade, é uma farsa, os índices são alterados, até mesmo pelos diretores e pela Semec”, acusa Dione Lima.

De acordo com a professora, o número de alunos aprovados seria bem menor se não houvesse a interferência da Semec e de diretores de escolas. A se comprovar essa denúncia, conclui-se que a Prefeitura de Teresina, ao longo dos anos, consegue esse destaque nas avaliações do Ministério da Educação e do Índice de Avaliação da Educação Básica (Ideb) simplesmente alterando notas dos alunos para se beneficiar politicamente, mas em prejuízo dos alunos e dos pais de alunos, iludidos com a suposta boa qualidade da educação básica municipal.

Aliás, o carro-chefe da campanha do candidato a prefeito pelo PSDB, Kleber Montezuma, ex-secretário municipal de Educação, é justamente a avaliação do Ideb. Na campanha, Kleber afirma que fez da educação de Teresina a melhor dentre as capitais do país.

Professores da rede pública municipal de ensino, a maioria dos quais está em greve desde março deste ano, também denunciam o pouco caso que a prefeitura dá aos problemas enfrentados pela categoria para manter os alunos em sala de aula. A gestão não vem respeitando o cumprimento de medidas legais, a exemplo do Piso Nacional dos Professores, e nem respondendo as reivindicações da classe no tocante às medidas sanitárias seguras para os profissionais nas escolas, entre outros direitos não cumpridos.

O Sindicado dos Servidores Públicos Municipais de Teresina (Sindserm) também denuncia que a prefeitura vem colocando estagiários na tentativa de suprir as aulas de forma remota, o que não vem funcionando.

Em nota, a Semec se defende. Veja na íntegra:

A Secretaria Municipal de Educação (Semec) informa que a frequência dos alunos nas atividades não presenciais ultrapassa 80%, são mais de 98 mil visualizações mensais somente no canal do YouTube com aulas. As equipes escolares continuam se dedicando ao planejamento, execução e monitoramento das atividades à distância.

Ao afirmar que o sistema não funciona, a professora nega o trabalho de mais de 4 mil docentes que se esforçam diariamente para manter a qualidade na educação da Rede Municipal, reconhecida pelo Ministério da Educação como a melhor entre todas as capitais do país.

A professora faz uma grave acusação aos diretores que tem se empenhado de forma incansável para garantir o desenvolvimento das atividades. E o mais grave de tudo: põe em dúvida a capacidade de aprendizagem dos alunos das escolas da Prefeitura de Teresina e a eficiência do trabalho dos professores.

Neste sentido a Semec repudia tais acusações e defende a eficácia do trabalho que vem sendo realizado, reafirma o compromisso de superar os desafios trazidos com a pandemia e aproveita para agradecer o empenho de todas as equipes escolares nesse novo momento.

Sindserm faz a mesma acusação

A Semec tenta falsificar a realidade e comete crime de falsidade ideológica ao atribuir notas a quem não frequenta as aulas, mesmo remotas, e escolheu o autoritarismo e o assédio moral como métodos de gestão, com perseguição política a professores que estão em greve, obrigando celetistas, substitutos e professores receosos de perseguições a repor aos sábados aulas que não puderam ser ministradas. A acusação é do Sindserm.

Em nota enviada a este Portal Jogo do Poder, o presidente do Sindserm, Sinésio Soares, explicou que é do conhecimento geral que as atividades remotas não substituem aulas presenciais e que durante a pandemia do novo coronavírus deveria ser garantida a estrutura necessária para professores e alunos terem condições de obterem o máximo de proveito das aulas remotas. “No entanto, a truculência, a soberba, os interesses pessoais e eleitorais resultaram numa frequência baixíssima de alunos, devido à enorme exclusão digital e à greve da educação municipal que Firmino Filho [prefeito de Teresina] poderia resolver se respeitasse minimamente a legislação vigente e investisse o dinheiro da educação no trabalho remoto”, ressaltou o sindicalista.

Terrorismo eleitoral

Em vídeo de reunião com professores do município de Teresina e que vem sendo divulgado por grupo de WhatsApp, o candidato Kleber Montezuma pratica terrorismo eleitoral e incita professores ao tentar jogá-los contra os adversários de campanha, quando afirma: “Eles estão com ‘olho gordo’ na vaga de cada um de vocês’.

No vídeo, o candidato insiste em afirmar que ele é a única garantia que os professores têm de continuar no emprego. No discurso, ele afirma que as críticas direcionadas pelos adversários ao ensino municipal seria o mesmo que dizer que os professores não estariam fazendo um bom trabalho.

Mas na verdade, os outros candidatos têm afirmado que os professores são os verdadeiros heróis do ensino municipal, mas não são valorizados pelas administrações tucanas que se sucedem na prefeitura de Teresina.

Diz o tucano no vídeo que os adversários querem, em chegando à prefeitura, tirar os professores para colocar outros. “Mas eles não vão [fazer isso] porque nós vamos ganhar as eleições”, discursa Kleber Montezuma, nome imposto pelo prefeito Firmino Filho (PSDB) para ser o candidato oficial da prefeitura e dá continuidade à gestão tucana que se sucede em Teresina há mais de 30 anos.

Redação

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