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Taiwan estenderá serviço militar obrigatório

Taiwan estenderá a obrigatoriedade do serviço militar de quatro meses para um ano a partir de 2024 devido às crescentes ameaças da China. O anúncio foi feito nesta terça-feira (27/12) pela presidente da ilha, Tsai Ing-wenen.

A mudança ocorre num momento em que a China aumenta a pressão militar, econômica e diplomática sobre Taiwan para afirmar suas reivindicações de soberania. A China considera Taiwan parte de seu território.

Ao anunciar a mudança, Tsai afirmou querer paz, mas destacou que a ilha deveria ser capaz de se defender. “O atual serviço militar de quatro meses não é suficiente para responder à situação em constante e rápida mudança. Decidimos restaurar o serviço militar de um ano a partir de 2024”, ressaltou a governante.

A extensão do serviço militar será aplicada a todos os homens nascidos após 1° de janeiro de 2005. Segundo a presidente, os recrutas também passarão por um treinamento mais intenso, que inclui exercícios de tiro, instruções de combate como as ensinadas pelas Forças Armadas dos Estados Unidos e para a operação de armamento pesado.

“Enquanto Taiwan for forte o suficiente, será o lar da democracia e liberdade em todo o mundo, e não se tornará um campo de batalha”, disse Tsai.

Uma pesquisa de opinião recente mostrou que 73% dos taiwaneses adultos são a favor do serviço militar obrigatório de um ano. A redução do tempo do serviço para quatro meses foi implementada em 2018.

Maior mobilização da história

A ilha de Taiwan, de 24 milhões de habitantes, vive sob a constante ameaça de uma invasão da China. O anúncio sobre a extensão do serviço militar obrigatório foi feito dois dias após exercícios militares chineses perto de Taiwan.

Segundo Taipei, foi a maior mobilização aérea da história da China contra as defesas de Taiwan. Em apenas 24 horas, foram enviados 71 aviões de combate para a zona de identificação de defesa aérea de Taiwan.

Pequim afirmou que seu “exercício de ataque” e suas “patrulhas de combate”, que incluíam caças e drones, foi uma reação a “provocações” e a um “conluio” entre os Estados Unidos e Taiwan.

“Esta é uma resposta firme à atual escalada e provocação dos EUA e de Taiwan”, afirmou Shi Yi, porta-voz do Comando do Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular, em comunicado ainda no domingo.

Pressão militar

A pressão de Pequim sobre a ilha autogovernada, que a China não considera independente, tem aumentado constantemente nos últimos anos. A perspectiva de uma invasão chinesa preocupa cada vez mais países ocidentais e muitos dos vizinhos da China.

Reeleito em outubro para um terceiro mandato como líder da China, Xi Jinping deixou claro que a “reunificação” de Taiwan não pode esperar pelas gerações futuras.

Em caso de conflito, a ilha estaria em forte desvantagem em termos de efetivos, com 188 mil soldados contra 1 milhão de Pequim, segundo estimativas do Pentágono. A China também tem uma vantagem considerável quando se trata de equipamento militar. Do atual efetivo taiwanês, 90% são de voluntários e 10% de jovens que cumprem o serviço obrigatório.

Taiwan intensificou o treino para reservistas e aumentou as compras de caças e mísseis para reforçar as suas defesas. Mas os especialistas dizem que tais medidas não são suficientes.

China e Taiwan estão separados desde o fim da Guerra Civil Chinesa, em 1949, e a presidente de Taiwan já disse que se juntar à China não é aceitável para os taiwaneses.

DW Brasil – cn/lf (Reuters, AP, Efe, Lusa)/Foto: Daniel Ceng Shou-Yi/ZUMA/picture alliance

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