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Rússia ameaça acionar arma nuclear; onde ficam os ‘botões’ de disparo?

conflito entre Rússia e Ucrânia reacendeu o temor pelo uso de armas nucleares. Com a guerra aparentemente distante do fim, a preocupação da comunidade internacional recai sobre a segurança das usinas nucleares ucranianas e, também, sobre o arsenal nuclear russo, que representa mais da metade das ogivas nucleares existentes no mundo.

Com menos de uma semana de guerra, o presidente russo Vladimir Putin deu ordem para que seu comando militar colocasse as forças nucleares em estado de “alerta máximo”, considerado o nível mais elevado. Nesta semana, a Rússia ameaçou acionar os “botões” de armas nucleares em caso de ação da Otan.

A quantidade exata de armas nucleares que cada país possui é um segredo nacional, então as análises são baseadas em estimativas. Mas como essas armas são ativadas?

O termo “apertar o botão” é figurativo, pois o procedimento real para usar essas armas é mais complexo do que simplesmente apertar um botão. Cada país possui sua forma específica de iniciar uma guerra nuclear, a maioria através de códigos de identificação que autorizam que as forças armadas iniciem um ataque.

Vários países têm pastas nucleares que acompanham o líder (como o presidente dos Estados Unidos), permitindo-lhes ativar as armas a qualquer momento.

Pouco se sabe exatamente sobre como funcionam os sistemas de ativação de cada país, por se tratar de segredo de estado, mas listamos alguns locais onde estão os “botões” de ativação de armas nucleares.

Avião

O avião presidencial, responsável pelo transporte de Vladimir Putin, possui um painel de onde o líder russo pode iniciar um ataque nuclear. A aeronave Ilyushin Il-96-300PU serve como centro de comando de onde o presidente pode direcionar suas forças para o combate no caso de uma guerra nuclear.

A ideia de implantar um centro de comando na aeronave surgiu da preocupação de que Putin e as outras pessoas com autoridade de liberação nuclear – o Ministro da Defesa e o Chefe do Estado-Maior – possam precisar ser evacuados no caso de um ataque.

O tamanho exato do arsenal nuclear da Rússia é segredo de Estado, mas estimativas indicam que é o maior do mundo. Segundo o centro de estudos Federação Americana de Cientistas, o país teria quase 6 mil ogivas, 500 a mais que os Estados Unidos.

Maleta

Uma maleta preta de 20,4 quilos com armação de metal contém um dispositivo de comunicação que permite ao presidente dos Estados Unidos transmitir suas ordens de lançamento aos militares. Sempre que o presidente norte-americano precisa sair da Casa Branca, ele é acompanhado por um membro das forças armadas em posse do item.

Chamada de nuclear football (em português, bola nuclear) a maleta começou a ser desenvolvida na era John F. Kennedy, após a crise dos mísseis cubanos em 1962. Ela teria sido batizada com esse nome após um plano secreto de defesa da Guerra Fria chamado de “Dropkick”, um termo utilizado no futebol americano.

O acessório contém um transmissor vinculado ao comando de lançamento. Mas, em vez de apertar um botão, o presidente norte-americano deve inserir um código que ele recebe ao assumir o cargo. O acionamento não acontece automaticamente, ele apenas emite a ordem para iniciar o ataque nuclear.

Por razões de segurança, o transportador do item deve ficar próximo do líder americano o tempo todo. O vice-presidente dos Estados Unidos também recebe uma maleta com outra bola nuclear.

Os EUA possuem atualmente cerca de 5.428 ogivas nucleares, segundo a Federação Americana de Cientistas.

Gabinete

No início de 2018, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, revelou que possui um “botão nuclear” na mesa do seu gabinete. A declaração ocorreu após ele receber insultos e ameaças do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em resposta às operações militares norte-coreanas.

Na época ele disse ainda que a força nuclear de sua nação “foi completada” e que pode atingir “qualquer parte” do território norte-americano.

“O botão nuclear sempre está na minha mesa. É a realidade, não uma chantagem”, disse o ditador.

A Federação Americana de Cientistas estima que a Coreia do Norte possua 20 ogivas nucleares. Mas o país já prometeu em várias ocasiões que continuará expandindo seu arsenal nuclear.

Submarino

Embora o Reino Unido não tenha um grande “botão nuclear” vermelho existe um gatilho que pode ativar o ataque nuclear. O país tem o sistema de mísseis Trident, que está alojado nos quatro submarinos da classe Vanguard.

O primeiro-ministro britânico é a única pessoa que pode tomar a decisão de lançar os mísseis. Quando assume o cargo, ele tem que escrever quatro “Cartas de Último Recurso” idênticas. As cartas estão guardadas dentro de cada um dos submarinos.

Se o primeiro-ministro e demais autoridades forem considerados mortos e o Reino Unido tiver sofrido um ataque, o comandante do submarino tem que seguir as instruções da carta. O conteúdo exato das cartas nunca é divulgado, e elas são destruídas sem serem abertas quando um novo primeiro-ministro é eleito.

O controle de cabo vermelho sobre o HMS Vigilant – um dos quatro submarinos Trident armados nucleares baseados em Faslane, no Clyde – tem uma fina proteção de plástico protegendo um gatilho que poderia anunciar o apocalipse.

Segundo a estimativa da Federação Americana de Cientistas, o poder nuclear do Reino Unido é de 225 ogivas.

Pasta preta

No dia 11 de abril de 2019, a BBC revelou imagens do primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, carregando uma pasta preta que contém os códigos das armas nucleares do país.

Assim como vários países, o Paquistão possui Permissive Action Link (no português, Link de Ação Permissiva), que é um dispositivo de segurança de controle de acesso para armas nucleares. Com isso, as ogivas nucleares só podem ser ativadas com a inserção do código pelas autoridades responsáveis.

Segundo a estimativa da Federação Americana de Cientistas, o Paquistão possui cerca de 165 ogivas nucleares.

Conselho

Diferente dos outros países que possuem arsenal nuclear, a Índia só pode acionar suas armas com a autorização do Conselho Político da Autoridade de Comando Nuclear.

O Conselho Executivo presidido pelo Conselheiro de Segurança Nacional dá seu parecer ao Conselho Político presidido pelo Primeiro Ministro que, por sua vez, autoriza o ataque nuclear quando necessário.

Este mecanismo foi implementado para garantir que as armas nucleares indianas permaneçam firmemente no controle civil e que exista um sofisticado mecanismo de comando e controle para evitar seu uso acidental ou não autorizado.

Atualmente, a Índia possui cerca de 160 ogivas nucleares, segundo estimativa da Federação Americana de Cientistas.

Fonte: UOL

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