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Proporção da população com rendimento atinge maior nível no Piauí

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) que trouxe informações relativas aos rendimentos da população provenientes de todas as fontes, seja obtido de todos os trabalhos, bem como aqueles obtidos de outras fontes como aposentadoria/pensão, benefícios de programas sociais do governo, aluguéis, rendimentos de aplicações, dentre outros.

Em 2023, no tocante ao total de rendimento de todas as fontes obtido pela população piauiense, aí incluído o do trabalho e o de outras fontes, verificou-se que 61,9% da população do estado percebeu algum rendimento, o que configurou-se como um recorde na série histórica da pesquisa. Comparando-se com a proporção observada no ano de 2012, início da série histórica, quando cerca de 57,4% da população do estado havia obtido rendimento, observamos que em 2023 houve um crescimento de 4,5 pontos percentuais.

Ao comparar-se o indicador do rendimento de todas as fontes entre as unidades da federação, temos que o Rio Grande do Sul e Santa Catarina obtiveram as maiores proporções, com 70,3% e 69.4%, respectivamente de sua população obtendo alguma espécie de rendimento. O indicador do Piauí, de 61,9%, ficou abaixo da média brasileira, que foi de 64,9%. Os estados com os menores indicadores foram: o Acre (51,5%) e o Amazonas (53%).

Ao analisarmos exclusivamente o rendimento obtido pela população em todos os trabalhos, percebemos que ao longo da série histórica a maior proporção foi registrada no ano de 2015, quando 40,5% da população piauiense apresentou rendimento exclusivamente do trabalho. A menor proporção foi de 32,4%, registrada no ano de 2020, por ocasião da pandemia da Covid 19, quando por medidas de ordem sanitária houve restrição à livre circulação das pessoas, reduzindo a possibilidade de ocupação no mercado de trabalho. A partir de 2021, com a redução dos efeitos da pandemia em razão da vacinação da população, e a consequente redução das medidas de afastamento social, a proporção de pessoas com rendimento do trabalho aumentou ano a ano, inclusive chegando a 37,2% da população em 2023, o que supera o indicador pré-pandemia de 2019, que foi de 36,8%.

No Brasil, em 2023, os rendimentos de todos os trabalhos era percebido por 46% da população, indicador 8,8 pontos percentuais superior ao observado para o Piauí (37,2%). Dentre as unidades da federação, as que apresentaram maior indicador foram Santa Catarina e Goiás, com 53,1% e 52%, respectivamente. Os menores indicadores foram os do Acre e do Maranhão, com 33,8% e 35,4%, respectivamente.

 

No tocante ao rendimento obtido de “outras fontes” pela população piauiense, aqui consideradas aquelas provenientes de programas sociais do governo como o Bolsa Família/Auxílio Brasil e o Benefício de Prestação Continuada (BPC-LOAS), aposentadoria/pensão, seguro-desemprego, seguro-defeso, aluguel, doação de não morador, rendimentos de aplicações financeiras etc, percebe-se um crescimento contínuo do total desses rendimentos ao longo da série histórica. Em 2012, no Piauí, o rendimento de outras fontes era percebido por cerca de 27,5% da população, indicador que saltou para 32,7% em 2023, um crescimento de 5,2 pontos percentuais no período. Contudo, a maior proporção da população piauiense com rendimento de outras fontes foi no ano de 2020, por ocasião da pandemia da COVID 19, quando chegou a 37,3%, em razão da criação do Auxílio Emergencial para fazer frente aos efeitos socioeconômicos da pandemia da COVID 19.

O indicador registrado pelo Piauí para os rendimentos de outras fontes (32,7%) foi o maior do Brasil em 2023, seguido do registrado para a Paraíba (32,5%). O indicador observado para o Brasil foi de 26%, ou cerca de 6,7 pontos percentuais abaixo do registrado para o Piauí. As unidades da federação com menor indicador foram Roraima (16,5%) e o Amapá (19,7%).

O de rendimento de “outras fontes” pode ser aberto em quatro grandes componentes: aposentadoria e pensão; aluguel e arrendamento; pensão alimentícia, doação e mesada de não morador; e outros rendimentos. Para o Piauí, em 2023, dentre aqueles componentes, o que apresentava maior indicador de percepção por parte da população era o de “outros rendimentos”, no qual estão incluídos os programas sociais dos governos, dentre eles o Bolsa-Família e o BPC- LOAS, onde 16,1% população piauiense estava incluída, configurando-se no quarto maior indicador do Brasil. O segundo item de maior peso é o de “aposentadoria e pensão”, onde 14,7% da população piauiense aparecia com esse rendimento. Na sequência vem os rendimentos de “pensão alimentícia, doação e mesada de não morador”, com 2,3%, e “aluguel e arrendamento”, com 1,1%.

Na série histórica dos quatro componentes dos rendimentos de “outras fontes” apenas um deles apresentou redução na proporção da população no período, que foi o rendimento de “pensão alimentícia, doação e mesada de não morador”, recebido por cerca de 2,7% da população do estado do Piauí em 2012, tendo reduzido para 2,3% em 2023. O item “outros rendimentos”, no qual estão incluídos os benefícios sociais governamentais, saltou de 14% da população em 2012, para 16,1% em 2023. Já o item de rendimento de “aposentadoria e pensão saltou de 12,3% da população piauiense em 2012, para 14,7% em 2023. Por último, o item de “aluguel ou arrendamento” passou de 0,5% em 2012, para 1,1% em 2023.

 

Rendimento médio mensal real da população do Piauí aumenta 37% em 11 anos, maior crescimento do país

O rendimento médio mensal real da população piauiense, relativo ao rendimento percebido de todas as fontes, aí incluídos rendimento do trabalho e de outras fontes, como benefícios sociais do governo, aposentadoria/pensão, aluguéis, dentre outros, alcançou no Piauí em 2023 o valor de R$ 2.145,00, o maior valor real da série histórica desde 2012. Comparando- se o rendimento médio mensal real de 2023 com o registrado em 2012, que foi de R$ 1.560,00, temos que houve um crescimento real no rendimento da ordem de 37%, o maior registrado no país neste período. São informações obtidas pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE.

No Brasil, no período de 2012 a 2023, 19 unidades da federação apresentaram crescimento no rendimento médio mensal real, relativo ao rendimento de todas as fontes, enquanto 8 unidades apresentaram redução. Na sequência do Piauí, os estados que apresentaram maior crescimento do rendimento médio mensal real foram a Paraíba, com 25,15%, e o Rio Grande do Norte, com 21,86%. Os estados que apresentaram maior queda no rendimento médio mensal real foram Pernambuco, com – 12,14%, e o Acre, com – 10,12%. Na série histórica, o Brasil apresentou um crescimento do rendimento médio mensal real da ordem de 4,67%, quase 8 vezes menor que o registrado pelo Piauí no mesmo período.

Os rendimentos de todas as fontes se desdobram em rendimentos obtidos a partir de todos os trabalhos e de outras fontes. Com relação ao rendimento médio mensal real da população residente com rendimento, obtido habitualmente a partir de todos os trabalhos, o Piauí em 2023 também atingiu o maior rendimento da série histórica, desde 2012, com R$ 2.304,00, contra um rendimento de R$ 1.580,00 em 2012, o que representou um crescimento de 45,82% naquele período, o maior do país. Para efeito de comparação, o Brasil cresceu 6,12% nesse mesmo período. Com relação às unidades da federação, 19 delas apresentaram crescimento na série histórica, enquanto 8 apresentaram redução.

No tocante ao rendimento médio mensal real da população residente com rendimento, obtido a partir de outras fontes, aquelas que levam em conta rendimento de programas sociais governamentais, aposentadoria/pensão, aluguéis, dentre outros, o Piauí em 2023 também atingiu o maior rendimento da série histórica, com R$ 1.433,00, contra um rendimento de R$ 1.048,00 em 2012, o que representou um crescimento de 36,73%, o terceiro maior do país, ficando atrás apenas de Tocantins (41,67%) e do Rio Grande do Norte (37,32%). O Brasil apresentou um crescimento de 3,49% no período. Com relação às unidades da federação, 20 delas apresentaram crescimento na série histórica e 7 apresentaram redução.

Abrindo-se por subitem os rendimentos obtidos de outras fontes, observamos que no período de 2012 a 2023 o maior crescimento foi o do rendimento médio mensal real do subitem “outros rendimentos”, tendo atingido 95,23%, com um rendimento médio mensal real da ordem de R$ 818,00 em 2023. Esse subitem agrega rendimento de programas sociais como Bolsa- Família, BPC LOAS, seguro-desemprego, seguro-defeso, rentabilidade de aplicações financeiras, bolsas de estudos etc. Na sequência vem o subitem “aposentadoria e pensão”, que apresentou um crescimento de 23,94% na série histórica, tendo registrado em 2023 um rendimento médio mensal real de R$ 2.102,00. O subitem “aluguel e arrendamento” apresentou um crescimento de 5,23% e um rendimento médio mensal real de R$ 1.529,00 em 2023. O único subitem que apresentou redução foi o de “pensão alimentícia, doação e mesada de não morador”, com -5,45%, e um rendimento médio mensal real de R$ 468,00 em 2023.

Apesar do crescimento do rendimento médio mensal real da população piauiense registrado nos últimos anos, segue crescendo também a concentração do rendimento médio mensal real domiciliar percapita no estado, medida pelo índice de Gini. Esse indicador aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, esse indicador varia de zero a um, onde o valor “zero” representa uma situação de igualdade, ou seja, todos teriam a mesma renda, e o valor “um” no extremo oposto, é aquele onde teoricamente uma única pessoa deteria toda a riqueza.

Na série histórica de 2012 a 2023, percebemos que nos últimos quatro anos o índice de concentração do rendimento médio mensal real domiciliar percapita no Piauí vem crescendo, tendo passado de um índice de Gini de 0,474 em 2020, que foi inclusive o menor da série histórica, para um índice de 0,552 em 2023, o maior da série histórica, e o segundo maior do país, ficando atrás apenas da Paraíba, com um indicador de 0,559. São informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE.

 

O índice de concentração do rendimento médio mensal real domiciliar percapita da região Nordeste tem caído nos últimos três anos, tendo passado de 0,556 em 2021, para 0,509 em 2023, índice inferior ao observado para o Piauí, que foi de 0,552. Ressalte-se que a região Nordeste possui uma das maiores proporções de domicílios beneficiados pelo Programa Bolsa Família e essa melhora na distribuição de renda pode ter sido favorecida pelo aumento do valor do benefício médio e pela ampliação da população abrangida pelo programa. No tocante ao Brasil, nos últimos seis anos o índice tem apresentado tendência de queda, tendo passado de 0,545 em 2018, para 0,518 em 2023. Dentre as unidades da federação, os menores indicadores estão com Santa Catarina (0,418), Mato Grosso (0,452), Rondônia (0,455).

Em 2023, dentre as grandes regiões do país, a região Sul foi a que apresentou o menor indicador de concentração do rendimento médio mensal real domiciliar percapita, com 0,454. Na sequência vem a região Centro-Oeste (0,498), região Norte (0,500), região Sudeste (0,508) e a região Nordeste (0,509).

Fonte: IBGE – Imagem: Freepik

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