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Comunidade internacional apreensiva com retorno da estabilidade no Afeganistão

O secretário-geral das Nações Unidas enfatizou que a comunidade internacional está preocupada com a estabilidade do Afeganistão.  António Guterres falou esta terça-feira em Doha, Catar, após reunião sobre o país com enviados especiais. 

O encontro debateu questões como direitos humanos, em particular das mulheres e meninas, ao lado da governança, do combate ao terrorismo e do tráfico de drogas. A meta é encontrar uma forma concertada de a comunidade global interagir com o Talibã. 

Reconhecimento 

Falando a jornalistas, o secretário-geral destacou que a reunião analisou o desenvolvimento de uma abordagem internacional comum, não sobre o reconhecimento das autoridades de facto no Afeganistão. 

Para ele, o essencial é que todos os participantes percebam as preocupações e as limitações uns dos outros, mas concordam ser do interesse de todos trabalhar em conjunto, principalmente dos afegãos. 

Guterres disse que houve consenso de que é preciso uma estratégia de envolvimento que permita a estabilização do Afeganistão, mas que também aborde as preocupações importantes. 

O chefe da ONU citou questões como “terrorismo”, falta de inclusão de mulheres e meninas e o aumento do tráfico de drogas. 

Maior crise humanitária do mundo 

Na vertente humanitária, ele declarou que a situação no Afeganistão é atualmente a maior crise do mundo.  

Além do país anfitrião, a lista de participantes incluiu representantes de países como China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Irã, Japão, Cazaquistão, Quirguistão, Noruega, Paquistão, Rússia, Arábia Saudita, Tadjiquistão, Turquia, Turcomenistão, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, Estados Unidos, Uzbequistão, União Europeia e membros da Organização de Cooperação Islâmica. 

Em suas declarações, o secretário-geral expressou a grande preocupação do grupo com a estabilidade do Afeganistão, destacando que é difícil superestimar a gravidade da situação considerada a maior crise humanitária no mundo.

Pelo menos 97% dos afegãos vivem na pobreza. Dois terços, ou 28 milhões de habitantes, precisarão de assistência humanitária para sobreviver este ano. 

Vidas em risco  

De acordo com o chefe da ONU, pelo menos 6 milhões de afegãos estão na iminência da fome, quando os fundos do Plano de Resposta Humanitária não chegam. A ONU recebeu apenas 6,4% dos US$ 4,6 bilhões necessários para o auxílio. 

Guterres falou ainda do pessoal que oferece assistência essencial, destacando tratar-se na sua maioria de cidadãos afegãos e muitas trabalhadoras no setor de auxílio. 

Ele enfatizou que a proibição da atuação de mulheres afegãs nas Nações Unidas e ONGs é inaceitável e coloca vidas em risco. Sobre a situação, realçou que a organização nunca se calará diante de ataques sistêmicos e sem precedentes aos direitos femininos. 

Guterres sublinhou que alçará sempre a voz quando estas forem “silenciadas e ofuscadas” diante do que considera uma grave violação dos direitos humanos fundamentais.  

O secretário-geral ressaltou que a situação viola ainda as obrigações do Afeganistão sob o Direito internacional e infringe o princípio da não discriminação, um pilar essencial da Carta das Nações Unidas. 

Fonte: ONU News – Foto: © Unocha/Charlotte Cans

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