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ONU alerta para ataques indiscriminados e tortura generalizada na Ucrânia

A subsecretária-geral da ONU para Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo, disse que civis em diversas regiões da Ucrânia continuam sofrendo “ataques implacáveis ​​e muitas vezes indiscriminados.”

A afirmação foi feita durante a sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas, realizada nesta segunda-feira, sobre Manutenção da Paz e Segurança na Ucrânia. 

Um dos ataques mais fatais até o momento

DiCarlo lembrou que na última quinta-feira a pequena aldeia de Hroza, na região ucraniana de Kharkiv, sofreu “um dos ataques mais fatais contra civis desde o início da invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia”, iniciada em fevereiro do ano passado.

Segundo ela “o ataque eliminou um sexto da população de Hroza. Nenhuma família nesta pequena comunidade ficou intocada.” Pelo menos 52 pessoas teriam morrido quando um míssil atingiu uma loja e um café. Vários outros ficaram feridos. 

No dia seguinte ao ataque, a coordenadora humanitária da ONU na Ucrânia, Denise Brown, chefiou uma missão interagências para visitar a comunidade e levar suprimentos médicos e de infraestrutura. 

Ela disse que o episódio reforçou a barbaridade da guerra, onde “20% de uma comunidade pode ser exterminada em segundos”, enquanto as pessoas fazem compras, ou estão sentadas tomando um café com seus entes queridos.

A ONU está prestando apoio em Hroza após um ataque com mísseis que matou dezenas de pessoas
Ocha/Saviano Abreu – A ONU está prestando apoio em Hroza após um ataque com mísseis que matou dezenas de pessoas

“Ações e não apenas palavras”

Na sessão do Conselho de Segurança, DiCarlo mencionou também a ação de um drone russo que danificou um silo de grãos na região de Odesa. Segundo ela, este “foi o último de uma série de ataques à infraestrutura de cerais da Ucrânia.”

A subsecretária-geral acrescentou a preocupação com “ataques constantes contra infraestruturas ucranianas de energia nas últimas semanas.”

DiCarlo ressaltou que durante a Assembleia Geral deste ano, os Estados-membros reafirmaram compromisso com os princípios da Carta da ONU, incluindo o respeito pela soberania, independência e integridade territorial dos países. 

Segundo ela, uma solução justa para a guerra reside no cumprimento dessa obrigação básica, “com ações e não apenas com palavras.”

Tortura generalizada

Também nesta segunda feira, a vice-alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Nada Al-Nashif, apresentou uma atualização sobre a Ucrânia durante a 54ª sessão do Conselho de Direitos Humanos.   

Ela afirmou que “o uso de tortura e maus-tratos pelas autoridades russas contra civis e prisioneiros de guerra foi generalizada.”

Nashif também sublinhou que o Alto Comissariado está preocupado com a “ausência de um sistema para devolver à Ucrânia as crianças que foram transferidas para territórios ocupados pela Rússia ou para a Federação Russa.”

Segundo ela, menores que foram resgatados pelos familiares relataram “violência física e psicológica” por parte de instituições educacionais russas.  

Mais de 4 mil vítimas civis em seis meses

A vice-alta comissária afirmou que “a responsabilização sobre violações e crimes é essencial para impedir que ocorram novamente e para garantir justiça às vítimas.” 

Os dados apresentados pelo órgão são o resultado de 117 visitas de campo, 27 inspeções de centros de detenção, 28 visitas a instituições de acolhimento ou abrigos e 1.226 entrevistas. 

Num período de apenas seis meses, de 1 de fevereiro a 31 de julho de 2023, mais 4.621 civis foram vítimas deste conflito, com 1.028 mortos e 3.593 feridos.

Fonte: ONU News – Imagem: Ocha/Saviano Abreu

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