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Iniciativa do Mar Negro completa um ano em busca de renovação

A Iniciativa do Mar Negro completa um ano este mês. Desde julho de 2022, mais de 32 milhões de toneladas de commodities alimentares foram exportadas de três portos ucranianos com saída para o Mar Negro e abasteceram 45 países em três continentes.

Segundo a ONU, a retomada parcial das exportações marítimas ucranianas ajudou a reverter a alta dos preços globais dos alimentos, que atingiram recordes pouco antes da assinatura da Iniciativa. 

Preço dos alimentos

O Índice de Preços de Alimentos da Organização para Alimentação e Agricultura, FAO, registrou um declínio mensal constante no ano passado, caindo mais de 23% em relação ao pico de março de 2022.

O acordo permitiu que o Programa Mundial de Alimentos, PMA, transportasse mais de 725 mil toneladas de trigo para levar ajuda ao Afeganistão, Etiópia, Quênia, Somália, Sudão e Iêmen. A Ucrânia forneceu mais da metade do abastecimento nos últimos dois anos.

Além de trigo, carregamentos de milho e girassol são os produtos mais exportados pela iniciativa. 

Em maio, a Rússia confirmou sua participação no acordo por mais 60 dias. Em meados de junho, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu que as partes fizessem tudo possível para assegurar a continuação da Iniciativa, a ser renovada em 17 de julho.

Continuidade da Iniciativa

Antes do conflito, a Ucrânia era um dos principais exportadores de grãos e o principal exportador mundial de óleo de girassol. A ONU acredita que a produção deve continuar sem impedimentos, para abastecer os mercados e ajudar a conter os preços. 

O acordo permitiu a retomada parcial no setor de alimentos e deu aos agricultores ucranianos algum nível de previsibilidade na produção e na colheita e retomou as principais rotas marítimas.

A duração da Iniciativa de Grãos do Mar Negro foi de 120 dias a partir de 22 de julho de 2022. A partir de então, ela renovada por todas as partes em 18 de novembro por mais 120 dias. 

Em março, o acordo foi novamente estendido, mas a Rússia limitou a 60 dias, pendente de revisão. A última renovação ocorreu em maio por outros 60 dias.

As Nações Unidas incentivam a implementação e continuação da Iniciativa, pelo tempo que for necessário, para que os alimentos possam ser transportados para fora da Ucrânia usando a rota do Mar Negro com segurança e economia.

Volume de exportações

As exportações de alimentos por meio da Iniciativa diminuíram significativamente nos últimos meses devido ao ritmo mais lento das inspeções e à exclusão do porto de Yuzhny/Pivdennyi. 

De uma média diária recorde de 11 inspeções, em outubro de 2022, o movimento diário caiu para menos de cinco em abril, maio e junho de 2023.

As exportações mensais atingiram um pico de 4,2 milhões de toneladas em outubro de 2022, mas foram de apenas 1,3 milhão de toneladas em maio de 2023.

O acordo também prevê exportações de fertilizantes, incluindo amônia, essenciais para a produção agrícola e a segurança alimentar. O secretário-geral destacou a importância do aumento do fornecimento de fertilizantes e amônia para apoiar a segurança alimentar global. 

No entanto, até o momento, nenhum fertilizante nem amônia foi exportado pela Iniciativa, que dependeriam da retomada do oleoduto de amônia de Togliatti, na Rússia, ao porto ucraniano de Yuzhny/Pivdennyi. Danos ao oleoduto foram relatados em 5 de junho e seu estado atual não é conhecido.

Atraso nas inspeções 

As Nações Unidas informam que continuam “firmemente empenhadas” em apoiar a implementação efetiva da Iniciativa e sua continuação. No entanto, ela é baseada no consenso, então todas as partes devem concordar com o ritmo da operação. 

As inspeções são conduzidas em conjunto e todas as partes liberam cada embarcação para sua viagem de ida e volta. A equipe da ONU busca facilitar e trabalhar com todos os lados para tentar enfrentar os desafios operacionais. 

O envolvimento de alto nível continua para garantir um acordo sobre um pacote de medidas abordando suas principais preocupações de maneira mutuamente aceitável.

Fonte: ONU News – Foto: © UNOCHA/Levent Kulu

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