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Greve de professores na quinta, de servidores na sexta e ato dos aposentados: argentinos tem semana de protestos contra Milei

Começou nesta quinta-feira (4) mais uma grande jornada de mobilizações contra as políticas do governo ultraliberal de Javier Milei na Argentina, puxada pela paralisação de docentes do ensino secundário e universitários, que se juntou a um acampamento de aposentados em frente o Congresso Nacional

O governo de Javier Milei voltou a aplicar nesta quinta o protocolo anti-protestos. Reprimiu com a polícia os professores e aposentados durante um comício em frente ao Congresso para exigir a recomposição dos seus rendimentos e denunciar o ajuste brutal implementado pela administração de extrema-direita .

“Eles estão nos atacando com gás e nos batendo quando tudo o que pedimos é que deem o dinheiro para as escolas. Aqui há professores, também aposentados, protestando pacificamente”, disse um professor ao jornal Página 12.

A paralisação desta quinta exige a retomada da paridade — acordos entre sindicatos, empresas e governo para ajustar o piso salarial em todo o país à alta de preços — e a restituição do Fundo Nacional de Incentivo ao Professor (Fonid), revogado por decreto do governo Milei.

Convocada pela Confederação de Trabalhadores da Educação da República Argentina (CTERA), a mobilização teve adesão de diversas entidades estudantis como a Federação Nacional de Docentes Universitários (Conadu) —  agremiação majoritária do setor universitário, com mais de 40% da representação do setor — e o grêmio de docentes da Universidade de Buenos Aires (UBA). Os trabalhadores da educação farão uma marcha ao Congresso com a Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA).

Com um orçamento prorrogado a partir de 2023, as autoridades das universidades nacionais agrupadas no CIN (Conselho Nacional Universitário) têm alertado para a emergência orçamental que significaria a virtual paralisação das atividades no mês de junho.

A perda de poder de compra dos salários afeta igualmente os 170 mil professores universitários e os 45 mil trabalhadores não docentes, enquanto cerca de dois milhões de estudantes estudam em universidades públicas.

Greve de servidores públicos


Paralisação de docentes universitários acontece na Argentina nesta quinta-feira (4) / Conadu / Divulgação

Na sexta-feira (5), é a vez dos servidores públicos iniciarem uma paralisação contra as 11 mil demissões registradas pela Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE). Segudo o governo Milei, as demissões no setor poderão chegar a até 21 mil trabalhadores.

A Greve Nacional Ativa dos servidores terá mobilizações em todo o país na sexta (5). Na Cidade Autônoma de Buenos Aires, os manifestantes seguirão para a sede do Ministério da Economia.

O sindicato definiu uma lista de reivindicações para o protesto de sexta. Em primeiro lugar, a reintegração imediata de todos os trabalhadores despedidos e o fim das demissões, a regularização de todos os vínculos contratuais e a transferência para uma Central Permanente de todos os trabalhadores.

O secretário-geral da ATE, Rodolfo Aguiar, destacou que a escalada do conflito no Estado “é de responsabilidade do Governo Milei, que decidiu desencadear um nível incomum de agressão e ataque aos nossos direitos trabalhistas”.

Aposentados acampados em frente ao Congresso

Outra mobilização em curso na Argentina é dos aposentados e pensionistas que decidiram permanecer acampados entre quarta (3) e quinta-feira (4) em frente ao Congresso para conversar com os deputados.

“Não vamos ficar calados se quiserem aprovar a Lei da Moratória graças à qual centenas de milhares de colegas se aposentaram e não vamos deixá-los votar qualquer Lei da Mobilidade sem nos consultar. Por isso ficamos a noite toda”, disse ao jornal Tiempo Argentino uma das acampadas, enquanto tomava um mate.

*Com Tiempo Argentino e Página 12

Fonte: Brasil de Fato – Edição: Matheus Alves de Almeida – Imagem: ATE

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