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Situação do Irã é “crítica” com mais de 300 mortos, incluindo 50 crianças, diz chefe da ONU

CNN – O Alto Comissariado das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos disse nesta terça-feira (22) que a situação no Irã é “crítica”, descrevendo um endurecimento da resposta das autoridades aos protestos que resultaram em mais de 300 mortes, incluindo 50 crianças, nos últimos dois meses.

“Instamos suas autoridades a atender às demandas das pessoas por igualdade, dignidade e direitos, em vez de usar força desnecessária ou desproporcional para suprimir os protestos”, disse um porta-voz do chefe de direitos humanos da ONU, Volker Turk, em uma entrevista à imprensa em Genebra.

A República islâmica tem sido tomada por protestos em todo o país desde a morte da curda Mahsa Amini, de 22 anos, sob custódia da polícia de moralidade em 16 de setembro, depois que ela foi presa por usar roupas consideradas “inadequadas”.

Crise

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) afirmou que continua profundamente preocupado com relatos de crianças sendo mortas, feridas e detidas no Irã em um comunicado na sexta-feira (18), acrescentando que as mortes relatadas de crianças em protestos antigovernamentais “devem parar”.

“Cerca de 50 crianças perderam suas vidas na agitação pública no Irã”, disse o Unicef no comunicado.

Isso ocorre quando manifestações no Irã continuam há mais de dois meses e em meio a crescentes chamadas de manifestantes e ativistas online para Unicef, Anistia Internacional e outras organizações de direitos humanos para tomar medidas sobre violações de direitos humanos e crimes contra crianças no Irã.

Muitos dizem à CNN que sentem que suas vozes não foram ouvidas. “Eles apenas dizem, ei, república islâmica, o que você está fazendo é ruim”, disse um manifestante no Irã à CNN. “Sim, todo mundo sabe que é ruim. As crianças de três anos sabem que isso é ruim, mas precisamos de uma ação real. Faça alguma coisa. Não sei. Acredito que eles sabem melhor do que nós o que podem fazer.

“No Irã, o Unicef continua profundamente preocupado com relatos de crianças sendo mortas, feridas e detidas”, dizia o comunicado, citando a morte de um menino chamado Kian Pirfalak, uma das sete pessoas mortas durante os protestos de quarta-feira (16) na cidade de Izeh, no Sudoeste do país. “Isso é assustador e deve parar”, acrescentou a organização.

O Unicef relatou a idade de Pirfalak como 10 anos de idade. A mídia estatal iraniana informou que ele tinha nove anos.

A criança estava viajando em um carro na quarta-feira com sua família quando foi morta a tiros e seu pai ferido por tiros, disse sua mãe à mídia estatal em entrevista à Tasnim na sexta-feira.

De acordo com a agência de notícias estatal do Irã ISNA, os manifestantes incendiaram um seminário na mesma época em que pessoas foram baleadas e mortas em Izeh, no que a mídia estatal está chamando de “ataque terrorista”.

Ativistas estão acusando o regime iraniano de matar Kian e outros em Izeh.

A república islâmica está enfrentando uma das maiores e sem precedentes demonstrações de dissidência na história recente após a morte de Mahsa Amini.

Pelo menos 378 pessoas foram mortas desde o início das manifestações, de acordo com um grupo iraniano de direitos humanos, quando o líder supremo do país emitiu um alerta de que o movimento de protesto está “fadado ao fracasso”.

A organização Iran Human Rights publicou o número estimado de mortos no sábado, acrescentando que inclui 47 crianças mortas pelas forças de segurança.

CNN não pode verificar de forma independente os números de prisões, o número de mortos e muitos dos relatos dos mortos devido à supressão da mídia independente pelo governo iraniano e aos desligamentos da internet que diminuem a transparência nas reportagens no local. A mídia também não pode acessar diretamente o governo por sua conta nesses casos, a menos que haja reportagens na mídia estatal, porta-voz do governo.

Fonte: CNN – (Edição de Miranda Murray)/Imagem: WANA (West Asia News Agency) via Reuters

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