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Prédio do governo é atingido por ataque na segunda maior cidade da Ucrânia

O exército russo bombardeou o centro de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, perto da fronteira com a Rússia, anunciou nesta terça-feira o governador da região, Oleg Sinegubov. De acordo com as informações nas imagens que mostram o ataque, ele aconteceu na manhã desta terça, sexto dia da invasão da Rússia, e atingiu o prédio do governo.

O prédio fica localizado na principal praça de Kharkiv, no centro da cidade. Segundo a agência Interfax, foguetes também atingiram parte de uma área residencial. Informações iniciais apontam que ao menos seis pessoas ficaram feridas. Entre elas, uma criança.

“Esta manhã, a praça central de nossa cidade e a sede do governo local de Kharkiv foram atacadas de forma criminosa”, afirmou Sinegubov no Telegram.

“O ocupante russo continua usando armas pesadas contra a população civil”, que publicou imagens de uma enorme explosão na praça central da cidade, onde fica a sede da administração local. O teto de teatro de ópera próximo ao local ficou destruído pelas chamas.

Kharkiv é uma cidade de 1,4 milhão de habitantes, com uma grande população de língua russa, próxima da fronteira com a Rússia.

A cidade está sob cerco intenso desde que o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou a invasão contra a Ucrânia na quinta-feira passada (24).

Rússia vai manter ofensiva

Hoje, a Rússia informou que continuará a ofensiva na Ucrânia, anunciou o ministro da Defesa, Serguei Shoigu. “As Forças Armadas continuarão a operação militar especial até que sejam cumpridos os objetivos fixados”, afirmou Shoigu.

Os russos alegam que querem a “desmilitarização” da Ucrânia, assim como proteger a Rússia de uma “ameaça militar criada pelos países ocidentais”, segundo o ministro.

kharkiv - Ukrainian State Emergency Service/via REUTERS - Ukrainian State Emergency Service/via REUTERS
Equipes de resgate em um prédio atingido por um ataque aéreo no centro de Kharkiv, Ucrânia

Imagem: Ukrainian State Emergency Service/via REUTERS

Soldados mortos

Em Okhtyrka, cidade localizada na região de Sumy, nordeste ucraniano, pelo menos 70 soldados da Ucrânia foram mortos após as forças russas atacarem uma base militar.

Okhtyrka fica a 49 quilômetros da fronteira com a Rússia, e situada a 100 quilômetros de distância de Kharkiv. Os ataques na cidade aconteceram na segunda-feira (28), mas as informações só foram repassadas nesta terça-feira (1º) por autoridades locais.

Segundo Dmytro Zhyvystkyy, chefe da administração regional de Sumy, foram retiradas dezenas de corpos de soldados ucranianos para serem enterrados. Zhyvystkyy afirmou que “o inimigo também teve o que merecia”, com baixas nas tropas de Moscou, mas sem informar um número preciso de soldados russos mortos no embate travado em Oktyrka.

Fotos publicadas nas redes sociais dão uma dimensão dos estragos. Confira:

Falta de energia

Ainda sem um consenso para o cessar-fogo, o sexto dia da invasão da Rússia mantém a Ucrânia em alerta. Em Kiev, capital ucraniana, as sirenes de ataque aéreo foram acionadas.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, disse que considera a capital o principal objetivo do exército russo. “Para o inimigo, Kiev é um alvo chave. Portanto, a capital está constantemente sob ameaça”, disse Zelensky em uma mensagem de vídeo na noite de segunda-feira. O presidente acredita que os russos querem deixar Kiev sem eletricidade, mas diz que os ataques serão neutralizados.

A falta de energia é a realidade em Mariupol, cidade no leste da Ucrânia. Ela ficou sem abastecimento de energia elétrica depois de uma ofensiva russa, anunciou o governador da região, Pavlo Kirilenko. “As duas cidades estão sob pressão do inimigo, mas estão resistindo. Em Mariupol, as linhas de energia foram cortadas e a cidade está sem eletricidade.”

Ataque a maternidade

Na região próxima à Kiev, uma maternidade foi atingida pelas forças lideradas por Putin. O hospital está situado no vilarejo de Buzova, na rodovia Zhytomyr, onde ocorrem fortes combates, segundo reportou o Kyiv Independent.

O gestor da maternidade, Vitaliy Girin, publicou uma mensagem no Facebook dizendo que o prédio foi evacuado e não há relatos de feridos até o momento.

Cerco em Kherson

O exército da Rússia também está nas proximidades da cidade ucraniana de Kherson, sul do país, perto da península da Crimeia, declarou na madrugada desta terça-feira o prefeito Igor Kolikhayev.

“O exército da Rússia está instalando pontos de controle nas entradas de Kherson. É difícil dizer como a situação vai evoluir”, afirmou o prefeito em sua página no Facebook. “Kherson é e continuará sendo ucraniana. Kherson resiste”, destacou.

Nas redes sociais, vídeos mostram as forças russa entrando na cidade de 290.000 habitantes que fica ao norte da península da Crimeia. A partir deste território, anexado por Moscou em 2014, as tropas russas avançaram em território ucraniano e, durante o fim de semana, tomaram o controle de Berdiansk, no Mar de Azov, e cercaram Kherson.

“Estou em meu gabinete para coordenar os serviços municipais para que possamos acordar em uma cidade relativamente pacífica”, disse, antes de pedir aos cidadãos que permaneçam “tranquilos e prudentes”. “Não provoquem conflitos com os opositores (…) Não é uma batalha, é uma guerra. E a guerra se vence com atos razoáveis e com sangue frio”, insistiu.

Um vídeo publicado no Twitter pela Nexta, TV da Ucrânia, mostra soldados russos andando pelas ruas de Kherson.

Alertas

Durante toda a segunda-feira (28), Kiev esteve sob diversos alertas de ataques aéreos na cidade, com orientações para que a população permanecesse em abrigos durante determinados períodos.

Ontem (28), imagens de satélite mostravam um comboio russo de 27 quilômetros de extensão a menos de 50 km dos limites da cidade.

Somente na segunda-feira, o canal oficial da Prefeitura de Kiev no Telegram anunciou 13 alertas de ataques aéreos. A cidade está sob toque de recolher entre 20h e 7h locais (15h a 2h de Brasília).

O toque de recolher que durou no fim de semana havia sido encerrado na manhã de ontem. O exército russo chegou a declarar que os civis podiam sair “livremente” de Kiev e acusou o governo ucraniano de utilizá-los como “escudos humanos”. Após bombardeios e alertas de ataques aéreos, a prefeitura retomou o toque de recolher e o deixou mais restrito: iniciando às 20h (locais) e não 22h, como proposto inicialmente.

Há relatos e imagens de explosões na cidade mesmo durante a reunião entre as delegações da Ucrânia e da Rússia, que ocorreu em Belarus e terminou sem um acordo entre os países; as negociações duraram mais de cinco horas e uma nova reunião deve ser marcada em breve.

Boicote

A intervenção do chanceler russo, Serguei Lavrov, foi boicotada por muitas delegações, incluindo a da Ucrânia e de vários países ocidentais, boicotaram nesta terça-feira no momento em que era exibido seu discurso na Conferência de Desarmamento da ONU (Organização das Nações Unidos), deixando a sala praticamente vazia nesta terça.

Os diplomatas abandonaram a sala no início do discurso de Lavrov, uma gravação. O ministro russo pretendia viajar a Genebra, na Suíça, mas cancelou a visita alegando as “sanções antirrussas” que proíbem aviões do país de sobrevoar o espaço da União Europeia.

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(Com AFP)

 

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte/UOL - Arte/UOLânia
Imagem: Arte/UOL

Fonte: UOL

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