Geral Nacionais Política

Paulo Guedes entrega chaves do Ministério da Economia ao centrão

Paulo Guedes entregou as chaves do Ministério da Economia para o centrão. Num evento com investidores, o chefe da pasta afirmou que pode continuar no cargo em 2023, mas reconheceu que essa permanência não depende só da reeleição de Jair Bolsonaro. A condição, segundo ele, seria a vitória de uma coalizão de centro-direita –uma maneira cerimoniosa de descrever os partidos que mantêm o governo de pé.

A lógica de Guedes é a seguinte: Bolsonaro “ganhou sozinho” a eleição de 2018, mas a tal aliança de centro-direita avançou e passou a apoiar uma agenda de reformas no Congresso. Não é bem assim, mas o ministro indica que esse consórcio será o responsável por ditar o ritmo da agenda econômica num eventual segundo mandato do presidente.

Na prática, Guedes reconheceu (talvez por acidente) que precisa do centrão para continuar no poder. Não é pouca coisa, considerando a aversão que nutria pelos congressistas no início do governo e a indiferença com que os políticos do grupo encaram o ministro desde então.

Aí entra um arranjo que parece preservar a convivência entre os dois lados. No mesmo salão em que avisou que pretende ficar no cargo, Guedes citou a privatização da Eletrobras como exemplo dessa gestão. Só não mencionou que, para aprovar o projeto, o ministério teve que dar aval a uma série de penduricalhos elaborados para atender aos interesses políticos do centrão.

Não é só. No início do ano, Bolsonaro tirou poderes de Guedes sobre os cofres do governo e deu a Ciro Nogueira (Casa Civil) a palavra final sobre o que é gasto. Nesta semana, o presidente da Câmara, Arthur Lira, driblou o ministro da Economia e decidiu tocar praticamente sozinho um projeto que reduz impostos sobre combustíveis e energia.

Guedes continua vivo porque enverniza o governo Bolsonaro, mas mesmo esse ativo tende a perder valor numa eleição disputada em tempos difíceis na economia. Se houver um segundo mandato, essa agenda deve ficar nas mãos do centrão.

Fonte: Folha de São Paulo/Bruno Boghossian

Related Posts