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Otan pede que Rússia prove intenção de amenizar tensões com Ucrânia

O secretário-geral da aliança militar ocidental Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, reconheceu que a Rússia pode estar dando sinais de que procura uma solução diplomática em meio a uma concentração militar na fronteira com a Ucrânia, mas pediu que Moscou demonstre sua vontade de agir.

“Acreditamos que há espaço para um otimismo prudente, há sinais da parte de Moscou sobre seu interesse em manter os esforços diplomáticos”, disse Stoltenberg horas após a retirada de algumas tropas russas da fronteira com a Ucrânia.

Em uma entrevista coletiva em Bruxelas, Stoltenberg explicou que as tropas russas deixaram equipamentos pesados e infraestrutura militar na fronteira com a Ucrânia, e que isso permitiria um rápido retorno dos soldados ao local.

Por isso, o secretário-geral da Otan acrescentou que “até agora não vimos uma desescalada, nem vimos sinais de redução da presença militar da Rússia nas fronteiras da Ucrânia”.

Milhares de soldados russos se concentravam nas fronteiras com a Ucrânia, mas hoje o Ministério da Defesa anunciou a retirada de algumas tropas da região —é o primeiro sinal de que Moscou está recuando na crise com os países ocidentais, que persiste desde o fim de 2021.

Ao mesmo tempo, a Frota Norte da Rússia anunciou o início de exercícios militares com mais de 20 navios no Mar de Barents.

“A Rússia acumulou uma força de combate sem precedentes na Ucrânia e em seus arredores desde a Guerra Fria. Está tudo pronto para um novo ataque. Mas a Rússia ainda tem tempo para se afastar da crise, parar de se preparar para a guerra e começar a trabalhar por uma solução pacífica”, acrescentou Stoltenberg, que classificou a atual situação como “a mais grave crise de segurança que enfrentamos na Europa durante décadas”.

Desde dezembro, a Rússia enviou mais de 100 mil soldados para a fronteira com a Ucrânia, o que gerou o temor de uma invasão iminente do país.

A Rússia sempre negou a hipótese, mas exige certas garantias para sua segurança, começando pela promessa de que a Ucrânia não será aceita como Estado-membro da Otan.

Rússia: EUA deram resposta positiva a algumas propostas

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que os Estados Unidos e a Otan deram “respostas positivas” a algumas propostas de Moscou sobre “a segurança” do país em meio à crise com a Ucrânia.

“O Ocidente, ao fim, respondeu quando se deu conta que estamos discutindo seriamente a necessidade de mudanças radicais no campo da segurança. A sua resposta foi positiva em algumas das iniciativas que eles estavam rejeitando há tempos”, afirmou Lavrov.

Entenda a tensão entre Rússia e Ucrânia

O regime de Vladimir Putin reclama de uma eventual adesão de Kiev à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliança militar criada para fazer frente à extinta União Soviética.

Para Putin, a Otan é uma ameaça à segurança da Rússia por sua expansão na região. Por isso, o presidente quer uma declaração formal de que a Ucrânia nunca vai se filiar à aliança.

Em contrapartida, os Estados Unidos e países aliados do Ocidente (como o Reino Unido, França e a Alemanha) têm dito repetidas vezes que a Rússia pode invadir a Ucrânia “a qualquer momento” e ameaçam o país com “sanções econômicas severas” e “resposta ágil”, caso a invasão ocorra.

Moscou, por sua vez, acusa os países ocidentais —em especial os Estados Unidos— de fazerem “histeria e alarmismo” sobre um ataque russo à Ucrânia, o que, segundo eles, não estaria em seus planos.

A Rússia já anexou a península ucraniana da Crimeia em 2014, o que culminou em sanções econômicas dos EUA e da União Europeia. O país também é acusado de financiar os rebeldes pró-Moscou que controlam as autoproclamadas Repúblicas de Lugansk e Donetsk, na região de Donbass.

Com AFP, Ansa e Reuters

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