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ONU pede acesso humanitário e retorno a negociações de paz no Sudão

A situação no Sudão foi tema de debate no Conselho de Segurança nesta quarta-feira, com foco em entrega de ajuda humanitária e retomada de negociações para a paz e transição democrática.

Participaram da sessão a secretária-geral assistente da ONU para África, Martha Pobee e a diretora da Divisão de Operações e Advocacia do Escritório de Assuntos Humanitários, Ocha, Edem Wosornu.

Um refugiado da violência no Sudão vive atualmente no campo de refugiados de Gorom, no Sudão do Sul
Acnur/Charlotte Hallqvist – Um refugiado da violência no Sudão vive atualmente no campo de refugiados de Gorom, no Sudão do Sul

Frente antiguerra

A secretária-geral assistente para África, pediu “o fim da guerra sem sentido e o retorno às negociações”. 

Ela disse que “quanto mais a guerra se prolongar, maior será o risco de fragmentação, de interferência externa e erosão da soberania, levando a uma perda do futuro do Sudão, principalmente sua juventude.”

Pobee afirmou que os esforços pelo fim do conflito no Sudão precisam incluir “a voz da sociedade civil, grupos de direitos das mulheres, jovens, associações profissionais e comitês de resistência.” 

Segundo ela, lideranças civis e tribais “seguem comprometidas em superar a guerra e avançar para uma transição que tenha como desfecho um Estado democrático,” apesar das pressões para que tomem partido de um dos lados do conflito. 

Pobee disse que Missão Integrada de Assistência à Transição das Nações Unidas no Sudão, Unitams, apoia a tentativa de unificação das várias iniciativas civis sob uma frente antiguerra ampla, focada na preparação para um processo político inclusivo.

80% dos hospitais sem funcionar

Já a diretora de Operações e Advocacia do Ocha disse que visitou o Sudão há duas semanas e ficou “profundamente alarmada com o nível de sofrimento da população.”

Segundo ela, as pessoas estão tendo cada vez mais dificuldade em encontrar assistência médica, com 80% dos hospitais do país sem funcionar. Wosornu afirmou que “metade das crianças do país precisam de assistência humanitária.” 

Com 40% da população passando por insegurança alimentar severa, ela alertou que o conflito está “prejudicando os meios de subsistência, o acesso a mercados e aumentando o preço de itens essenciais.”

O primeiro comboio humanitário a chegar em Darfur Oriental desde o início do conflito chegou ao estado, depois de nove dias na estrada
FAO Sudão – O primeiro comboio humanitário a chegar em Darfur Oriental desde o início do conflito chegou ao estado, depois de nove dias na estrada

Sucesso na entrega de sementes

A diretora relatou que após “intensas negociações” com ambos os lados do confronto, um comboio de 10 caminhões foi capaz de entregar 500 toneladas de sementes melhoradas para 70 mil famílias em Darfur Oriental. 

A ajuda chegou a tempo da época de plantio, que é vital para a segurança alimentar nos próximos meses. 

De acordo com ela, mais caminhões estão a caminho dos estados de Darfur do Norte e do Sul, para responder “a necessidades de saúde, nutricionais e alimentares”. Ela disse esperar que as partes “cumpram seu compromisso de permitir que eles cheguem a seus destinos.” 

Evolução do conflito

A secretária-geral assistente para África disse que o estado de Cartum “continua sendo o epicentro do conflito, com os principais combates concentrados ao redor das instalações do Exército Sudanês, inclusive o Quartel General de Comando.”

Pobee enfatizou que o conflito armado tem causado “enorme sofrimento” na população da região darfuriana. Segundo ela, “os combates em Darfur continuam a reabrir antigas feridas de tensões étnicas originadas por conflitos anteriores.” 

A diretora da Divisão de Operações e Advocacia do Escritório de Assuntos Humanitários do Ocha, por sua vez, disse que os combates intensos e o ambiente operacional desfavorável limitam a capacidade de entrega de ajuda.

Segundo ela, o sistema bancário também foi extremamente afetado, bem como as instituições públicas e civis, causando “colapso dos serviços públicos e reduzindo a quantidade de dinheiro que circula na economia do país.”

Fonte: ONU News – Imagem: Acnur/Andrew McConnell

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