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ONU condena ataques que mataram 18 trabalhadores humanitários no Sudão

A coordenadora humanitária da ONU no Sudão, Clementine Nkweta-Salami, fez um apelo pelo fim dos ataques a civis e trabalhadores humanitários no país.

Nesta terça-feira, as Nações Unidas afirmaram que pelo menos 18 trabalhadores humanitários de várias organizações foram mortos e muitos ficaram feridos.

Uma escola na cidade de Al-Geneina, no estado de Darfur Ocidental, que servia de abrigo para deslocados, foi incendiada em meio à crise em curso no Sudão.
© Mohamed Khalil – Uma escola na cidade de Al-Geneina, no estado de Darfur Ocidental, que servia de abrigo para deslocados, foi incendiada em meio à crise em curso no Sudão.

Situação humanitária

Ela alertou que o aumento das violações pelas partes em conflito está aprofundando o sofrimento dos civis. Nos mais de 100 dias de violência, milhares foram mortos e ficaram feridos.

Segundo levantamentos da ONU, dezenas de funcionários humanitários foram detidos e alguns continuam desaparecidos. Pelo menos 50 armazéns humanitários foram saqueados, mais de 80 escritórios invadidos e pelo menos 200 veículos roubados.

A coordenadora humanitária condenou esses ataques, que atingem o cerne dos esforços para levar ajuda às pessoas mais vulneráveis.

Clementine Nkweta-Salami lembra todas as partes do conflito no Sudão de suas obrigações sob a lei internacional humanitária e de direitos humanos.

A Organização Mundial da Saúde, OMS, está alertando sobre o aumento de relatos de ataques aos serviços de saúde no Sudão.

A agência diz que a violência tirou de serviço mais de 80% dos hospitais do país africano.

Refugiados do Sudão são realocados entre campos no Chade
Unhcr/Aristophane Ngargoune – Refugiados do Sudão são realocados entre campos no Chade

Chade, país anfitrião, também precisa de ajuda

Três meses após o início do conflito no Sudão, em 15 de abril, mais de 250 mil refugiados e repatriados fugiram pela fronteira para as províncias orientais do Chade.

Segundo o Escritório de Assuntos Humanitários, Ocha, quase 90% dessas pessoas são mulheres e crianças do oeste de Darfur, que tem sido o epicentro do conflito entre as tribos árabes e masalit.

A atual onda de deslocados se soma aos mais de 400 mil refugiados sudaneses que vivem no leste do Chade desde 2003 devido a crises anteriores.

Com o agravamento da situação no Sudão, as comunidades no leste do Chade estão enfrentando o aumento dos preços dos alimentos devido à interrupção dos mercados causada pela guerra e pelo fechamento das fronteiras.

Financiamento para assistência humanitária

A alta inflação nos mercados de Adré, cidade fronteiriça, está causando grandes problemas para vendedores e clientes, que estão sentindo o aperto dos preços em alta.

Isso é agravado pelos já baixos níveis de renda da população e pela pressão sobre os meios de subsistência das famílias devido ao fluxo de refugiados e repatriados.

Mesmo antes do conflito, cerca de 1,9 milhão de pessoas nas províncias do leste do Chade precisavam de assistência humanitária, com taxas de desnutrição excedendo o limite crítico da OMS em vários lugares.

No entanto, o Plano de Resposta Humanitária de 2023 recebeu apenas US$ 122 milhões, o que representa apenas 18% dos US$ 674,1 milhões solicitados para atender as necessidades de 4,4 milhões de pessoas em todo o país.

Deslocados pela crise

A Agência para Refugiados, Acnur, disse que desde o início dos combates no Sudão, mais de 3,3 milhões de pessoas foram deslocadas dentro do país e pelas fronteiras.

O Acnur reconhece o acolhimento dos países vizinhos e faz um apelo para que as fronteiras continuem abertas aos civis que fogem do Sudão, incluindo indivíduos sem documentos.

Antes da crise, o Sudão abrigava 1,1 milhão de refugiados, principalmente do Sudão do Sul, Eritreia e Etiópia.

Quase 4 milhões de pessoas também foram deslocadas internamente em todo o país.

Fonte: ONU News – Foto: © UNICEF/Ahmed Elfatih Mohamdeen

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