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Nova presidente do TRF3 critica Arthur do Val: ‘Peça perdão e recolha-se’

A desembargadora Marisa Santos, nova presidente do TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), fez um discurso com duras críticas à fala sexista do deputado estadual paulista Arthur do Val (sem partido) sobre mulheres ucranianas. Ela tomou posse ontem, no Dia Internacional da Mulher. O TRF3 abrange os estados de São Paulo e de Mato Grosso do Sul e tem sede na capital paulista.

“Senhor parlamentar, peça perdão à sua mãe, peça perdão por desonrar um dos poderes da República, peça perdão por desonrar a República e depois recolha-se à insignificância dos medíocres” Marisa Santos, presidente do TRF3

A fala de Marisa sobre Arthur do Val ocorreu no fim de seu discurso, quando ela citou “as lamentáveis declarações de certo parlamentar sobre mulheres ucranianas no meio da guerra”.

Conhecido como Mamãe Falei, o deputado viajou à Ucrânia, no último dia 28, com Renan Santos, um dos dirigentes do MBL (Movimento Brasil Livre), para acompanhar o conflito após a invasão da Rússia.

“Uma pessoa que foi testemunhar os horrores da guerra consegue produzir essa declaração”, continuou a desembargadora, se referindo especificamente ao momento em que o parlamentar diz que mulheres ucranianas “são fáceis porque são pobres”.

Entenda o caso

Em uma série de áudios gravados e enviados a um grupo de amigos no WhatsApp, o deputado estadual descreve suas impressões sobre as mulheres da Ucrânia e, em um dos trechos, afirma que elas “são fáceis, porque são pobres”.

“Eu estou mal, eu passei agora por quatro barreiras alfandegárias, são duas casinhas em cada país. Eu juro para vocês, eu contei, foram 12 policiais deusas, que você casa e faz tudo o que ela quiser (…)”, afirma o deputado nos áudios, que foram revelados pelo site Metrópoles, e aos quais o UOL também teve acesso.

Em seguida, o parlamentar afirma: “Detalhe, hein. Elas olham e, vou te dizer, elas são fáceis, porque são pobres. E aqui, a minha conta do Instagram, cheio de inscritos, funciona demais. Não peguei ninguém, porque a gente não tinha tempo, mas colei em dois grupos de ‘minas’ e é inacreditável a facilidade. Essas ‘minas’ em São Paulo, você dá bom dia e ela [sic] ia cuspir na sua cara e aqui elas são supersimpáticas e supergente boa, é inacreditável”, prossegue o deputado. Segundo ele, nas “cidades mais pobres, elas são as melhores”.

Depois da divulgação dos áudios, o pré-candidato à Presidência da República Sergio Moro (Podemos) disse ter rompido com do Val, seu aliado político. O deputado desistiu da pré-candidatura ao governo de São Paulo e disse que não vai concorrer à reeleição. O Podemos acatou ontem a desfiliação dele.

Do Val também é alvo de pedidos de cassação e poderá ser convocado ao Senado para prestar explicações por seus comentários.

Após a repercussão do caso, o parlamentar disse que os áudios foram mandados em um grupo privado para amigos e que se dedicou apenas ao que chamou de “missão” no período em que esteve na Ucrânia. Em uma postagem nas redes sociais, ele afirmou que estava fazendo coquetéis molotov para o exército ucraniano. “Fui para fazer uma coisa, mandei um áudio infeliz, e a impressão que passou é que fui fazer outra coisa.”

“Você quer falar que os áudios são escrotos? São. São machistas? São. Eu poderia resumir: aquilo é um moleque, eu estou sendo moleque, essa não é a postura que as pessoas esperam de mim. Quero que você separe as ações das palavras. Eu aceito ser julgado pelo que eu falei, mas não aceito ser julgado pelo que eu não fiz”, disse ele em um vídeo.

Fonte: UOL

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