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Lula cobra respeito a Dilma e defende diálogo com quem votou pelo impeachment

ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou respeito a ex-presidente Dilma Rousseff em uma entrevista nesta terça (31) e defendeu o diálogo com parlamentares que defenderam o impeachment da petista.

“Quero que o Brasil lembre que a Dilma foi vítima de golpe, de armação (…) Tivemos um presidente da Câmara que trabalhava com o intuito de prejudicar o governo. Era tudo para evitar que a Dilma governasse, tudo para evitar que desse certo o governo”, disse Lula em entrevista à rádio Bandeirantes FM de Porto Alegre.

“Olha, vocês precisam a aprender a ter respeito pela presidente Dilma, porque poucas vezes na história deste país a gente teve uma mulher da qualidade dela”, continuou o ex-presidente.

Ao ser questionado sobre o fato de que mantém diálogo com parlamentares que votaram a favor do impeachment, o ex-presidente minimizou essa crítica e afirmou que não faz política “parado no tempo e no espaço”.

“Faço política vivendo o momento em que estou vivendo. Agora, estou conversando com muita gente que participou do golpe da Dilma, porque se não conversar não faz política, você não avança na relação política com o Congresso Nacional e com os partidos”, afirmou Lula.

Líder nas pesquisas de intenção de voto, o petista afirmou ainda que quer representar um movimento amplo, formado por sete partidos aliados, e não só o PT, pelo “reestabelecimento da democracia” no Brasil.

Ao ser questionado sobre o apoio do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), que será seu vice na chapa presidencial, ao impeachment, Lula negou e afirmou que Alckmin “é um homem de bem”. “Não só era contra, como ele pediu um parecer de advogado que deu parecer contra o impechment. Alckmin é um homem de bem que vai me ajudar de forma extraordinária a consertar este país.”

O governo Dilma registrou uma das maiores recessões da história do Brasil —e é lembrado muitas vezes como um desastre. No segundo mandato da petista, a inflação disparou, atingindo 10,67% em 2015. Quando deixou o governo, a taxa de desemprego superava 10%.

O petista também negou ques esteja pedindo um cheque em branco sobre suas propostas de governo para a economia e afirmou que “ele tem um legado”.

Ele contou que aprendeu com o ex-deputado Ulysses Guimarães que “não se fala muito de economia antes de chegar ao governo”, porque se falar “nem ganha, nem faz”.

“Eu tenho para o povo brasileiro um legado mais auspicioso de sucesso na economia (…) é esse legado que quero defender na campanha, não preciso ficar fazendo promessas. Só tenho que mostrar o que já fizemos e mostrar que se ganhar a eleição, eu vou reestabelecer a relação respeitosa que o Brasil tinha com o mundo”, disse.

O petista afirmou ainda que não irá indicar economistas para conversas com o mercado e que “na hora que eu tiver interesse, eu vou conversar com o mercado”. Ele disse que o economista Persio Arida, um dos pais do Plano Real, foi indicado por Alckmin para conversar com a Fundação Perseu Abramo sobre o programa de governo.

“É razoável que se converse, nós não somos os donos da verdade, queremos conversar com todo o mundo. O plano de governo não pode ser do PT. Tem que ser desses sete partidos que estão conosco mais a sociedade”, disse.

Ainda na conversa, o petista comentou sobre Genivaldo Santos, morto asfixiado após ser preso em viatura por agentes da Polícia Rodoviária Federal em Sergipe, e a operação policial na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, e afirmou que “violência policial só é justificada pela ausência do Estado”.

“Se o Estado chegasse antes com política social, emprego, educação, saúde, cultura, saneamento, asfalto, iluminação, certamente a polícia seria mais um ingrediente de política social e não a única solução como se tenta estabelecer. Acho abominável esse genocídio que acontece no Brasil”, disse.

“A gente pensa que a polícia resolve o problema. Mas quando ela vai, ela vai para atirar, não para resolver. O problema deveria ter sido resolvido antes”, seguiu.

Lula continuou dizendo que não é possível dizer que a culpa é da instituição, mas que alguns policiais recebem orientações de “maneira equivocada” e que “em nome de matar bandido, se mata inocente”.

Fonte: Folha de São Paulo

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