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Líderes do Leste Europeu viajam à capital da Ucrânia, alvo de novos bombardeios

Os premiês de três países do Leste Europeu —Polônia, República Tcheca e Eslovênia— foram a Kiev, nesta terça (15), para demonstrar apoio à Ucrânia, enquanto a capital sofre bombardeios e é cercada por forças russas. São os primeiros líderes estrangeiros a visitar a cidade desde que a Rússia invadiu o país.

Os políticos cruzaram a fronteira da Ucrânia com a Polônia por volta das 8h e vão de trem para a capital, onde falarão em nome da União Europeia (UE) para apresentar um pacote de ajuda ao país, disse Michal Dworczyk, principal assessor do primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki.

Os líderes anunciaram um encontro com o presidente Volodimir Zelenski, no que seria uma das principais vitórias simbólicas do líder ucraniano até aqui, depois de ele rejeitar ofertas de aliados para deixar o país.

A viagem acontece enquanto Kiev é alvo de ataques: duas fortes explosões abalaram a cidade antes do amanhecer nesta terça. A prefeitura afirma que quatro pessoas foram mortas após um prédio residencial ser atingido. Na segunda, outro ataque destruiu um edifício e deixou uma pessoa morta.

Em meio aos bombardeios, a cidade anunciou um toque de recolher de 35 horas, das 20h desta terça (15h em Brasília) até as 7h de quinta. No período, será proibido se locomover sem permissão, exceto para ir a abrigos antibombas. “A capital é o coração do país e será defendida”, disse o prefeito Vitali Klitschko.

Morawiecki, primeiro-ministro da Polônia, afirmou em um post no Facebook que a viagem ocorre no 20º dia da “agressão criminosa contra a Ucrânia” liderada pelo presidente russo, Vladimir Putin. “Em tempos tão revolucionários para o mundo, é nosso dever estar onde a história é forjada. Porque não se trata de nós, mas do futuro dos nossos filhos, que merecem viver em um mundo livre de tirania”, afirmou.

O premiê tcheco, Petr Fiala, em nota, corroborou a fala do colega: “O objetivo da visita é confirmar o apoio inequívoco de toda a União Europeia à soberania e à independência da Ucrânia”. O primeiro-ministro esloveno, Janez Jansa, também participa da viagem, que Fiala disse ter sido feita em consulta com o chefe do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A ideia da visita foi acordada em uma cúpula de líderes do bloco europeu em Versalhes, na França, na última semana, disse Dworczyk. República Tcheca e Polônia, ex-repúblicas comunistas que hoje fazem parte da UE e da Otan, estão entre os mais fortes apoiadores da Ucrânia na Europa desde a invasão russa.

Nesta terça, sirenes de ataque aéreo soaram em diferentes regiões do país, incluindo Odessa, Tchernihiv, Tcherkássi e Smila. Um porta-voz do Ministério da Defesa russo afirmou que forças do país assumiram o controle total da região de Kherson, no sul da Ucrânia —ainda não foi possível confirmar a informação de forma independente. A cidade de Kherson, capital da província de mesmo nome com cerca de 250 mil habitantes, foi o primeiro centro urbano importante a cair nas mãos das tropas russas depois da invasão.

Autoridades de defesa dos EUA afirmam que a Rússia poderia usar Kherson como parte de uma estratégia para avançar para Mikolaiv e depois para Odessa, outras cidades estratégicas no sul do país.

Na segunda-feira, as forças russas apreenderam dez sistemas de mísseis antitanque Javelin, de fabricação americana, e várias outras armas fornecidas por países ocidentais à Ucrânia, afirmou o porta-voz Igor Konachenkov. Segundo ele, as armas serão entregues a combatentes de Donetsk e Luhansk, regiões separatistas no leste da Ucrânia que tiveram a independência reconhecida pelo governo russo.

Em outro aspecto da guerra, o humanitário, a vice-primeira-ministra da Ucrânia, Irina Vereshchuk, anunciou que o país espera abrir nove corredores para retirar civis e que vai tentar entregar suprimentos à cidade portuária de Mariupol, no sul. Centenas de milhares de moradores do município, que está sob constante bombardeio, abrigam-se em porões e ruínas de prédios sem água ou energia há mais de uma semana.

Na segunda-feira (14), Moscou permitiu que o primeiro comboio com civis deixasse a cidade. Nas primeiras duas horas, 160 carros saíram, de acordo com a prefeitura.

Autoridades locais estimam entre 2.300 e 20 mil civis mortos em bombardeios russos em Mariupol —cifra que também não pôde ser confirmada de forma independente até agora.

O número de mortos no ataque aéreo de segunda-feira a uma torre de TV na região de Rivne, no norte da Ucrânia, subiu para pelo menos 19, disse o governador Vitali Koval. Segundo ele, dois mísseis atingiram a torre em Antopil, a 15 quilômetros de Rivne. A cidade fica no caminho entre a capital, Kiev, e Lviv, próxima à fronteira com a Polônia, onde outro bombardeio deixou dezenas de mortos no domingo.

Novas conversas entre negociadores ucranianos e russos são esperadas para esta terça, depois que as discussões na segunda-feira por videoconferência terminaram sem novos progressos. As Nações Unidas dizem que mais de 3 milhões de pessoas deixaram a Ucrânia desde o início da guerra.

fonte: Folha de São Paulo

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