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Israel invade estúdio da Al Jazeera, que denuncia “supressão da imprensa livre”

Horas depois de o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciar no X que seu governo havia aprovado, por unanimidade, o fim das operações da tv árabe Jazeera em Israel, autoridades locais, com apoio da polícia, invadiram um estúdio da emissora num hotel de Jerusalém e confiscaram equipamento.

Netanyahu deu a notícia alegando que a emissora “incitava” contra Israel.

Baseada no Qatar, a Jazeera reagiu: “A Al Jazeera condena e denuncia veementemente este ato criminoso que viola os direitos humanos e o direito básico de acesso à informação. A Al Jazeera afirma o seu direito de continuar a fornecer notícias e informações ao seu público global. A supressão contínua da imprensa livre por parte de Israel, vista como um esforço para ocultar as suas ações na Faixa de Gaza, constitui uma violação do direito internacional e humanitário”.

Nas emissões em inglês, a Jazeera tem mencionado os inúmeros prêmios internacionais que recebeu nos Estados Unidos e na Europa por seu trabalho jornalístico.

CONFISCO DE BENS

Em vídeo que circula nas redes sociais, autoridades do governo são vistas chegando ao quarto de hotel que servia de estúdio para a emissora em Jerusalém Oriental.

Policiais fotografaram o conteúdo, antes de confiscarem o equipamento.

O Escritório do Alto Comissário dos Direitos Humanos das Nações Unidas foi um dos primeiros a reagir:

Lamentamos a decisão do gabinete de fechar a Al Jazeera em Israel. Uma mídia livre e independente é essencial para garantir a transparência e a responsabilização. Agora ainda mais, dadas as rígidas restrições à reportagem em Gaza. A liberdade de expressão é um direito humano fundamental. Pedimos ao governo que anule a proibição.

A Foreign Press Association, que representa jornalistas estrangeiros que trabalham em Israel e nos territórios ocupados, também se manifestou:

Com esta decisão, Israel se junta a um clube duvidoso de governos autoritários que proibiram a emissora. E o governo pode não terminar aí. O primeiro-ministro tem autoridade para atacar outros meios de comunicação estrangeiros que considere que estejam “agindo contra o Estado”.

A medida, além de aplacar os partidos de extrema-direita religiosa que fazem parte do governo de Netanyahu, reduzirá a cobertura de qualquer ação militar ofensiva de Israel em Rafah.

Rafah, onde mais de um milhão de civis palestinos estão refugiados, é o próximo alvo de Tel Aviv em sua campanha para eliminar o Hamas, objetivo que não foi alcançado depois de mais de 200 dias de guerra.

A Jazeera é a única emissora que dispõe de recursos e equipes de reportagem para fazer transmissões ao vivo de dentro de Gaza, dando voz aos palestinos.

A decisão de Israel acontece alguns dias antes do segundo aniversário do assassinato da repórter Shireen Abu Akleh, na Cisjordânia.

Ela foi fuzilada quando fazia a cobertura de uma ação militar de Israel.

Inicialmente, Tel Aviv atribuiu a morte a um tiroteio que nunca aconteceu.

De maneira relutante, admitiu que Shireen foi morta por um soldado de Israel.

Fonte: Revista Fórum, por Luiz Carlos Azenha – Imagem: X

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