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Interpi concede título coletivo de terras à Comunidade Quilombola Sumidouro, em Queimada Nova

O Instituto de Terras do Piauí (Interpi) celebrou, na terça-feira (28), a entrega do título coletivo de terras para a Comunidade Quilombola Sumidouro. 
De acordo com o diretor-geral do Interpi, Rodrigo Cavalcante, essa entrega abrange uma área de 932,1 hectares, representa um marco importante para as 23 famílias, totalizando 115 pessoas, que há gerações labutam na terra sem possuírem efetivamente a sua propriedade.

Os vestígios da ocupação, segundo Cavalcante, datam desde 1861, quando os primeiros moradores estabeleceram suas vidas nessa região pedregosa, cercada por morros e serras, e onde a caatinga é a vegetação predominante, com sua rica biodiversidade composta por aroeiras, juazeiros, umbuzeiros, mandacarus, pereiros, paus d’arco, umburanas e marmeleiros, fundamentais para a vida dos moradores em suas práticas cotidianas.

O ponto central dessa comunidade é a histórica “Casa Grande”, pertencente à família que deu origem ao lugar, que é considerada o epicentro da comunidade e sede da Associação Quilombola Sumidouro, preservando as tradições e a identidade quilombola.

Rodrigo Cavalcante, diretor-geral do Interpi, ressaltou a importância desse momento histórico para a Comunidade Quilombola Sumidouro, afirmando: “A entrega deste título representa um avanço significativo na garantia dos direitos territoriais dessas famílias, conferindo-lhes segurança jurídica e reconhecimento oficial de suas histórias e práticas culturais ancestrais.”

Durante a solenidade, Rosymaura Duarte, diretora de Povos e Comunidades Tradicionais do Interpi, representou  Rodrigo Cavalcante e demonstrou o compromisso da instituição em apoiar e fortalecer os laços das comunidades quilombolas, reconhecendo sua importância histórica e cultural para o estado do Piauí.

As residências dos quilombolas, construídas com adobe, telhas e piso de pedras, refletem a autenticidade e a riqueza cultural desse povo. Eles cultivam diversas culturas como milho, feijão, algodão, mandioca, melancia, mamona, abóbora, capim e criam aves, suínos, ovinos e caprinos, utilizando plantas locais não apenas para subsistência, mas também na medicina caseira e na construção de suas casas e cercas.

A Comunidade Quilombola Sumidouro possui três olhos d’água, poços naturais, um poço tubular e cisternas, garantindo o acesso à água para as atividades diárias e agrícolas, demonstrando a relação harmoniosa e ancestral com o meio ambiente.

A entrega do título coletivo de terras pelo Interpi é um passo fundamental para a garantia dos direitos territoriais dessas famílias, conferindo segurança jurídica e reconhecimento oficial às suas histórias e tradições. Essa conquista simboliza não apenas a posse da terra, mas também a valorização da cultura e do legado dos quilombolas, fortalecendo a importância da preservação desta rica herança para as futuras gerações.

Núbia Lopes acompanha entrega de títulos

A solenidade contou com a presença da secretária de Estado das Relações Sociais Núbia Lopes, que destacou que essa ação histórica repara décadas de luta e reconhece a ancestralidade da comunidade, antes habitada por fazendeiros, cujas terras, após o falecimento, foram transferidas para o domínio do casal Catarina dos Santos e Valentim dos Santos em 1872. “A comunidade, formada por descendentes de pessoas escravizadas, verá agora a consolidação de sua história por meio desse título, proporcionando segurança jurídica e abrindo portas para o acesso a políticas públicas”, disse a secretária.

Núbia Lopes destacou outras políticas públicas que beneficiaram a comunidade na agricultura familiar, como os quintais produtivos e Ater nos Quilombos. “Anunciando que este programa está voltando com força total . Estamos trabalhando nesse processo, nossa secretaria está coordenando o Ater nos Quilombos, um programa de assistência técnica e sociocultural nas comunidades quilombolas piauienses, que será executado pela secretaria de Estado da Assistência Técnica e Defesa Agropecuária (Sada), com monitoramento da Seres”, explicou.

No evento, Núbia Lopes também ressaltou a parceria com o Governo Federal e com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que disponibilizam várias políticas públicas à sociedade. 

Fonte: Interpi

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