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EUA anunciam retirada de tropas da estratégica base de Bagram, no Afeganistão

As tropas americanas deixaram hoje uma das maiores bases militares do Afeganistão. O anúncio foi feito por um membro do Ministério da Defesa dos Estados Unidos, que confirmou a retirada dos soldados da base aérea de Bagram, como parte do acordo de paz assinado com os talibãs em fevereiro de 2020.

O fechamento da base, situada a cerca de 60 quilômetros de Cabul, coloca um fim à presença americana em um dos locais mais estratégicos para as forças de coalizão no Afeganistão. Bagram era utilizada com frequência para lançar ataques aéreos contra os talibãs e outros grupos extremistas durante a guerra do Afeganistão, que já dura 20 anos.

A base será entregue ao Ministério afegão da Defesa, em uma data que ainda será especificada. O local também abriga uma prisão que recebeu milhares de prisioneiros talibãs e jihadistas. Bagram foi construída pelos Estados Unidos e seu aliado afegão durante a Guerra Fria, nos anos 50, para se proteger da União Soviética, no norte. Ironicamente, ela foi utilizada pelos Soviéticos durante sua invasão, em 1979, e quando eles se retiraram, em 1989, o local ganhou um papel fundamental na guerra civil.

Em um comunicado, o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, comemoraram o anúncio feito pelos EUA. “A retirada total das tropas permitirá aos afegãos decidirem por eles mesmos seu futuro”, declarou. Após 20 anos de presença no país, a Otan havia anunciado, em 29 de abril, a retirada das tropas estrangeiras do país, apesar da continuidade dos violentos combates.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fixou 11 de setembro, aniversário de 20 anos do atentado terrorista às torres gêmeas em Nova York, como prazo final para a retirada das tropas do país. Em 2001, os talibãs deram refúgio aos combatentes da Al Qaeda, responsáveis pelos ataques. É possível que as tropas americanas deixem completamente o país antes de setembro.

Talibãs iniciam ofensiva

Desde o início de maio, os talibãs lançaram diversas pelo país, enquanto as forças governamentais se esforçam para consolidar suas posições nas regiões mais urbanas. A tomada de Cabul pelo Talibã após a retirada das tropas americanas do Afeganistão não é inevitável e dependerá de um melhor desempenho das forças de defesa afegãs, dizem especialistas americanos.

À medida que aumentam as preocupações de que o Talibã recupere o poder no país devastado pela guerra, os especialistas alertam que a fraca liderança, a corrupção e as divisões étnicas nas forças de segurança afegãs oferecem vantagens. Mas também dizem que seu sucesso dependerá de quanto tempo poderá resistir o conturbado governo do presidente Ashraf Ghani. A maioria dos distritos ocupados pelos insurgentes está “em áreas rurais do país que têm pouco valor estratégico ou militar”. No entanto, alguns desses distritos estão em rotas de transporte e em torno das capitais de província.

Itália retira tropas

A Itália, uma das potências ocidentais mais comprometidas com o Afeganistão, também anunciou nesta quarta-feira (30) que concluiu a repatriação de seus soldados como parte da retirada decidida pela Otan. “Mas o compromisso da comunidade internacional, começando pelo da Itália, não vai parar. Continuará de outras formas, em particular com o fortalecimento da cooperação ao desenvolvimento e apoio às instituições republicanas afegãs, disse o ministro da Defesa Lorenzo Guerini, em um comunicado.

O último contingente italiano, formado por dezenas de soldados, saiu de Herat, no oeste do país, e desembarcou no aeroporto de Pisa (oeste da Itália). De acordo com o ministério, 723 soldados italianos foram feridos e 53 morreram, de um total de 50.000 soldados enviados nos últimos 20 anos ao Afeganistão.

A Itália integrou, ao lado dos Estados Unidos, Turquia, Reino Unido e Alemanha, o grupo de cinco países mais envolvidos na missão “Resolute Support”. A Alemanha também anunciou na terça-feira que suas tropas deixaram o Afeganistão.

A missão “Resolute Support” tinha como objetivo treinar as forças afegãs para garantir a segurança do país depois da saída das forças estrangeiras. Outros contingentes menores, como os da Espanha, Estônia e Dinamarca, já abandonaram o país.

Jogo do Poder

Fonte: AFP

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