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Entenda como funcionam as eleições presidenciais nos Estados Unidos

A pouco mais de dois meses do pleito eleitoral, a disputa pela presidência dos Estados Unidos entre Donald Trump e Joe Biden, que acontece no próximo dia 3 de novembro, repercute em todo o mundo e ganha a atenção da imprensa brasileira.

Apesar de ser realizada de quatro em quatro anos, como no Brasil, a eleição presidencial estadunidense ocorre de maneira completamente diferente. A começar pela modalidade do voto, que é facultativo para os cidadãos do país.

:: Quem é quem nas eleições presidenciais nos Estados Unidos :: 

As principais diferenças, no entanto, concentram-se na forma como se dá a escolha do candidato. Entenda quais são os principais elementos das eleições dos EUA:

Voto indireto

O sistema eleitoral dos Estados Unidos é indireto. Isso significa que o voto do cidadão não é creditado diretamente ao candidato e, sim, em representantes dos políticos a serem escolhidos. São os chamados delegados.

Os partidos Republicano e Democrata são os responsáveis por definir quem vai desempenhar esse papel em cada estado e votará na escolha final do futuro presidente no chamado Colégio Eleitoral, instância que reúne todos os delegados.

O número de cada representante em nível estadual é calculado proporcionalmente à população local e ao número de parlamentares que os representam na Câmara dos Representantes – equivalente à nossa Câmara dos Deputados – e no Senado.

Dessa forma, os estados possuem pesos diferentes na disputa. A Califórnia, por exemplo, possui 36 milhões de habitantes e 55 delegados – o maior número entre os estados norte-americanos. Já Washington DC possui apenas três delegados.

Ao todo, são 538 votos dos representantes eleitos nos distritos no Colégio Eleitoral. Para vencer a eleição, o candidato deve receber 270 deles.

“O vencedor leva tudo”

Depois que os cidadãos votam no delegado que representa seu candidato presidencial, as escolhas são contabilizadas em nível estadual. Porém, o presidenciável que teve a maioria dos votos populares por meio de seus delegados fica com os votos de todos os representantes atribuídos ao estado.

Ou seja: o candidato que vence em um estado fica com todos os seus delegados, independente de ter conquistado ou não a maioria dos votos diretos da população. É o chamado “The winner takes all” (“O vencedor leva tudo”, em português).

Se um estado com 40 delegados eleger 23 representantes de um presidenciável republicano, por exemplo, todos os 40 delegados do distrito votarão no candidato republicano no Colégio Eleitoral.

A regra é válida em 48 estados e na capital Washington DC, com exceção dos estados de Nebraska e Maine, onde os votos podem ser divididos.

:: Democrata Joseph Biden, rival de Trump, escolhe senadora negra para vice nos EUA ::

No Colégio Eleitoral, os delegados não são obrigados a seguir a indicação do estado, mas tradicionalmente a obedecem. Normalmente, a eleição final no Colégio Eleitoral ocorre em dezembro.

Dessa forma, um candidato à presidência pode ser eleito mesmo sem ter a maioria absoluta de votos, bastando conseguir o maior número de delegados. Por mais que candidato A obtenha mais votos totais do que o candidato B, caso não tenha sido mais votado em estados mais populosos e, por consequência, com mais delegados, A perderá a disputa.

Foi o que aconteceu em 2016. A apuração mostrou que Hillary Clinton, candidata democrata, perdeu a presidência para Trump mesmo recebendo 337.636 votos a mais do que o republicano.

Em 2000, Al Gore (democrata) também ganhou no voto popular, mas foi derrotado por George W. Bush (republicano) no Colégio Eleitoral. A vitória de Bush suscitou debates sobre a necessidade de uma reforma do sistema, mas como o Colégio Eleitoral está consagrado na Constituição dos EUA, mudá-lo exigiria uma reforma constitucional.

Redação

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