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Chefe de Direitos Humanos alerta para efeitos de eventual “carnificina” em Rafah

Quase 1,5 milhão de pessoas estão agora amontoadas na cidade de Rafah, no sul de Gaza, sem ter para onde fugir.

Nesta segunda-feira, o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk alertou que uma potencial incursão militar israelense em Rafah “é aterrorizante”, dada a perspectiva de que “um número extremamente elevado de civis, sobretudo crianças e mulheres, provavelmente será morto e ferido”.

Risco de crimes atrozes

Ele acrescentou que “dada a carnificina ocorrida até agora em Gaza, é totalmente imaginável o que aconteceria em Rafah”.

De acordo com o chefe de Direitos Humanos, “para além da dor e do sofrimento das bombas e das balas, esta incursão em Rafah também pode significar o fim da escassa ajuda humanitária”, que tem entrado e sido distribuída com enormes implicações para toda Gaza, incluindo as milhares de pessoas que correm grave risco de fome no norte.

Ele adicionou que a perspectiva de tal operação em Rafah, dadas as circunstâncias, corre o risco de gerar “mais crimes atrozes”.

Turk apelou a Israel que cumpra as ordens juridicamente vinculantes emitidas pela Corte Internacional de Justiça. Para ele, aqueles que desafiam o direito internacional devem ser responsabilizados.

Pânico e ansiedade

Também nesta segunda-feira, o comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, relatou que há um “profundo sentimento de pânico e ansiedade” em relação ao possível desenrolar de uma operação militar israelense em Rafah. 

Em conversa com jornalistas em Bruxelas, Philippe Lazzarini afirmou que neste conflito “o preço que a população civil pagou é imensurável”. 

Em apenas quatro meses, cerca de 5% da população total do enclave “morreu, foi ferida ou está desaparecida”, disse ele. Além disso, 17 mil crianças estão separadas de seus pais, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef. 

Segundo Lazzarini, estima-se que 300 mil pessoas estejam no norte, enfrentando as condições mais graves, pois a ONU não foi capaz de organizar o envio de comboios de ajuda desde 23 de janeiro. 

Perda do policiamento e da ordem civil

Ele afirmou que “por causa da ofensiva militar que está acontecendo agora, está ficando cada vez mais difícil operar em Rafah”.

O comissário-geral da Unrwa disse que neste domingo, pela primeira vez, a ONU não pôde operar com um mínimo de proteção, pois não havia policiamento local. Como consequência, os caminhões de ajuda na fronteira foram “saqueados e vandalizados por centenas de jovens”.

De acordo com ele, a polícia local, que era o último recurso para manter a ordem civil, está deixando de ser funcional, pois muitos oficiais foram mortos nos últimos dias e estão “cada vez mais relutantes em serem vistos nesses comboios”.  

Para o chefe da Unrwa, os próximos dias serão decisivos para definir se será possível continuar a operar nessas condições extraordinárias. 

Nesta segunda-feira, a Algeria pediu uma reunião urgente no Conselho de Segurança sobre a situação em Gaza. 

Fonte: ONU News – Imagem: Ocha

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