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Caravana de franceses antivacinas deixa Paris em direção a Bruxelas

Depois de fracassar na tentativa de bloquear a circulação em Paris, o autoproclamado “comboio da liberdade”, formado por franceses antivacinas e opositores ao presidente Emmanuel Macron, segue hoje em direção a Bruxelas. Os participantes pretendem protestar contra as restrições sanitárias, amanhã, na sede da União Europeia. Por precaução, a polícia de Paris mantém policiais mobilizados, caso surjam novos protestos não autorizados na capital francesa.

O forte dispositivo de segurança que mobilizou 7.500 homens ontem em Paris e seus arredores foi bem-sucedido. As barreiras policiais erguidas nos acessos rodoviários conseguiram impedir que a maioria dos veículos da caravana – entre 3 mil e 6 mil, segundo estimativas – entrasse na cidade. Pouco mais de cem carros conseguiram escapar da vigilância policial, e motoristas bloquearam por algumas horas a avenida Champs Elysées.

No final da tarde de ontem, para dispersar os manifestantes, os policiais usaram bombas de gás lacrimogênio e vários veículos foram apreendidos. Desta vez, a principal avenida de Paris, nas proximidades do Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa, não teve as cenas de quebra-quebra vistas durante o movimento dos coletes amarelos, em 2018 e 2019.

Um balanço da polícia de Paris divulgado na manhã de domingo informa que 97 pessoas foram detidas, entre elas um conhecido líder dos coletes amarelos, Jérôme Rodrigues. Ele afirmou em redes sociais que era um dos organizadores da caravana contra as medidas sanitárias. Além das detenções, 513 manifestantes foram multados por infração ao decreto que proibia a entrada do comboio na capital.

A divulgação de um vídeo nas redes sociais, com imagens de um policial dando golpes de matraca na cabeça de um homem, na Champs Elysées, levou a polícia de Paris a abrir uma investigação administrativa interna sobre o episódio.

O autoproclamado “comboio da liberdade”, inspirado no movimento iniciado há três semanas por caminhoneiros no Canadá, reúne manifestantes de diversas correntes: antivacinas, conspiracionistas, simpatizantes dos coletes amarelos, militantes de extrema direita e de extrema esquerda que condenam a política do presidente Emmanuel Macron de enfrentamento da pandemia. Eles condenam a exigência do passaporte vacinal para entrar em restaurantes, museus, cinemas, teatros e academias de ginástica, e comparam esses controles a práticas de um governo autoritário.

A mobilização, organizada nas redes sociais, logo se ampliou para reivindicações sociais. Os participantes denunciam a alta do custo de vida. O aumento dos gastos com energia e combustíveis nas últimas semanas, e o retorno da inflação, reduzem o poder de compra de milhares de franceses.

Muitos motoristas dirigiram dois ou três dias para chegar a Paris, em camping-cars e vans. Eles acamparam na sexta-feira (11) nas proximidades da capital, onde foram acolhidos por militantes de extrema direita e de extrema esquerda, além de pessoas adeptas de teorias conspiratórias. Entre os participantes, muitos continuam dizendo que a pandemia de Covid-19 é uma farsa e que o governo francês instaurou o passaporte vacinal para controlar os movimentos da população.

A polícia de Bruxelas também emitiu um decreto proibindo a entrada de caravanas que partiram de vários países europeus, com o objetivo de promover amanhã uma grande manifestação em Bruxelas. As autoridades belgas reservaram uma grande área nos arredores da cidade, onde os antivacinas poderão estacionar seus carros.

Fonte: RFI

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