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Bolsonaro segue em silêncio mesmo após Defesa publicar relatório sobre urnas

Correio Brasiliense – Após o Ministério da Defesa divulgar o seu relatório sobre a auditoria das urnas eletrônicas, na última quarta-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro (PL) segue sem se pronunciar. O relatório feito não identificou fraude nas urnas e fez apenas ressalvas e sugestões do que pode ser melhorado, na avaliação da pasta.

O parecer das forças armadas era visto por Bolsonaro e aliados mais próximos da ala ideológica como a esperança para tentar reverter o resultado das urnas. Entretanto, a expectativa de um relatório que colocasse as Forças Armadas em rota de colisão com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não se concretizou.

Os militares corroboram a contagem de votos feita pela justiça eleitoral, mas o silêncio permaneceu no Palácio da Alvorada. Desde a candidatura em 2018, Bolsonaro ataca sem provas as urnas eletrônicas e criou, ao longo dos últimos anos, a desconfiança de parte do eleitorado bolsonarista contra o sistema de votação. Apesar dos militares terem entrado no gabinete de transparência das eleições a pedido do TSE, a aproximação das Forças em assuntos referentes ao pleito começaram a ser feitos por pedido de Bolsonaro. No dia 25 de outubro, Bolsonaro chegou a condicionar uma maior segurança das eleições ao trabalho das Forças Armadas, em uma entrevista a um podcast norte-americano.

O silêncio das últimas duas semanas contrastam com o mandato de bastante barulho, marcado por constantes pronunciamentos, motociatas, falas a apoiadores no cercadinho do Alvorada, lives e declarações por vezes polêmicas. Da derrota nas urnas para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até ontem, o Jair Bolsonaro só fez o caminho de ida da Alvorada para o Palácio do Planalto por duas vezes.

Ao trocar as mídias pelos bastidores, Jair Bolsonaro buscou formas de virar o jogo no tapetão. Antes mesmo da primeira declaração após a derrota, consultou o Exército sobre uma judicialização do pleito, com o argumento de que Lula não deveria ter disputado as eleições por conta das condenações sofridas por ele na Operação Lava Jato – anuladas pela Justiça, garantindo a Lula o estado de inocência. No entanto, os militares negaram embarcar em alguma tentativa de golpe de estado ou intervenção militar.

Desde a derrota nas urnas, Bolsonaro fez apenas dois pronunciamentos públicos. Quase 48 horas depois do segundo turno, no dia 1º de novembro, o presidente fez um discurso de menos de três minutos. Mencionou as manifestações antidemocráticas com pedidos de “intervenção federal” feitas por apoiadores como “fruto de indignação e injustiça”, mas pediu para os apoiadores desbloquearem as vias. Desta vez, Bolsonaro não atacou o processo eleitoral, mas não reconheceu o resultado de forma categórica e também não parabenizou ou mencionou a vitória de Lula – como não o fez até hoje. Sem um reconhecimento categórico, Bolsonaro mantém os apoiadores nas ruas.

No dia seguinte (2), o presidente voltou à cena, e pediu, agora sim com ênfase, aos apoiadores para não obstruir as vias públicas durante manifestações com pedidos de intervenção militar e de contrariedade à vitória de Lula. Na ocasião, Bolsonaro publicou um vídeo nas redes sociais dizendo que os protestos contra o processo eleitoral e democrático eram válidos, mas não podem ‘impedir o direito de ir e vir’.

Fonte: Correio Brasiliense

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