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Assistente social da SEMDUH ganha prêmio pelo atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica

O prêmio entregue pelo Centro de Referência da Mulher em Situação de Violência (CREG), por meio da Secretaria Municipal de Políticas Públicas para Mulheres (SMPM), à assistente social Liana Nunes, da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SEMDUH), pode ser comparado à música “Casinha Branca”, de Roberta Campos. Nos versos, ela pede “eu queria ter na vida simplesmente/ Um lugar de mato verde/ Pra plantar e pra colher/ Ter uma casinha branca de varanda/ Um quintal e uma janela/ Para ver o sol nascer”.
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A premiação foi entregue à servidora depois que várias mulheres, que receberam unidades habitacionais da Prefeitura de Teresina, relataram ter sido bem acolhidas e orientadas durante o processo para conseguir a casa própria, saindo, assim, da situação de violência doméstica.

“A SEMDUH tem parceria com o CREG para disponibilizar moradias às mulheres vítimas de violência. Essas vítimas que chegam à Secretaria para dar entrada no processo e receber uma casa são atendidas diretamente pela Liana. E, na maioria das vezes, essas mulheres dizem que nossa servidora sabe escutar e tratar cada indivíduo com carinho”, afirma a coordenadora de Habitação da SEMDUH, Valdinete Ulisses.

Segundo a gestora, o prêmio é muito importante por dois motivos. Primeiramente, expressa um agradecimento à SEMDUH pela parceria com o Centro na entrega de moradias a essas mulheres vítimas de violência. Em segundo lugar, é uma premiação especial porque também reconhece uma profissional que é sensível à causa dessas mulheres, no sentido de fazer as coisas acontecerem da forma mais eficiente e ágil possível, mas sem esquecer que está lidando com pessoas que têm sentimentos e emoções.

Para a assistente social homenageada, o evento se faz importante porque reafirma que o serviço prestado por esses órgãos está acontecendo, está sendo eficiente e que toda a equipe está conseguindo êxito.

“Eu faço a escuta, oriento, vejo a documentação, muitas vezes a documentação tem que ser reavaliada. Então, fazemos um dossiê e enviamos para outro órgão avaliar se tem a possibilidade de disponibilizar uma moradia. A decisão sendo favorável, assim que surge um imóvel reintegrado, fazemos a entrega para essa mulher”, explica a assistente social Liana Nunes.

Atualmente, não há programa habitacional aberto em Teresina. As moradias entregues a essas mulheres são provenientes de reintegração de posse da Caixa Econômica Federal, quando algum imóvel já entregue pelo projeto Minha Casa Minha Vida está irregular. A Caixa faz a reintegração da unidade, disponibiliza os dados para a Secretaria, que avalia a lista de espera e as prioridades para a concessão do imóvel a uma nova família.

Segundo Liana, mães de crianças com microcefalia, decisões judiciais para entrega imediata de um imóvel ou mulheres vítimas de violência doméstica têm prioridade na lista de espera para a garantia da casa própria. A Lei Municipal 5445, de 12 de novembro de 2019, dispõe que deve ser reservado no mínimo 5% das unidades habitacionais dos programas implementados em Teresina prioritariamente para mulheres em situação de medida protetiva ou que estejam sendo acompanhadas em espaços especializados de atendimento à mulher.

Liana conta que foram entregues imóveis para 21 mulheres em situação de medida protetiva. Porém, a falta de um programa habitacional (que depende de recursos do Governo Federal) faz com que o processo para conseguir um imóvel seja apenas por meio da reintegração, o que pode demorar um pouco.

“Então, nesse processo todo, elas têm muito contato com a gente aqui. Ficam ligando, ou eu entro em contato. Porque eu sempre explico ‘olha vai ter que aguardar um pouquinho porque tem que surgir a vaga’. Então essa relação, possibilitou um grande contato com essas mulheres e isso as fez reconhecer, de certa forma, meu trabalho”, comenta Liana.

Ainda de acordo com a servidora, um dos mecanismos que aprisiona mulheres à situação de violência doméstica é a falta de uma casa própria. Muitas vezes, o agressor é o único provedor da família. O atendimento oferecido pela SEMDUH e pelo CREG dá a essas mulheres, acima de tudo, o empoderamento. Segundo Liana, a entrega de uma casa possibilita à vítima o fim do ciclo de violência.

Durante o evento de aniversário de sete anos do Centro de Referência, no dia 31 de março, Liana recebeu a premiação e comemorou juntamente a sete mulheres que já foram atendidas por ela e que já estão morando em suas casas próprias. Uma delas discursou durante a entrega do prêmio.

“Ela explicou detalhe por detalhe o meu atendimento, desde a forma como eu olho, a forma como eu converso, e ela ainda disse assim ‘você é uma técnica que trabalha com empatia, com acolhimento. Olha para a gente e não pergunta o porquê, o que aconteceu, e se a gente quiser falar, não julga’. Então assim, para mim foi muito, muito gostoso, saber de tudo isso. Ativou a minha fogueira interna para continuar fazendo o que eu faço”, conta emocionada Liana.

A assistente social explica que todas as mulheres que chegam e precisam passar pelo seu atendimento vêm munidas de uma medida protetiva, muitas delas já foram agredidas física e psicologicamente. São mulheres altamente fragilizadas que assumem uma postura de defesa. Então Liana trabalha conta que é um grande desafio tentar dar forças para essa vitima que se vê em uma situação sem rumo, sem perspectiva de melhora e muito amedrontada.

Segundo a servidora, além de explicar como o processo burocrático funciona, seu atendimento é voltado para potencializar nessas mulheres a importância do acompanhamento pelo CREG, que oferece assistência jurídica, social e psicológica, além de práticas interativas e complementares em saúde e cursos de capacitação profissional. Ela enfatiza para a mulher que não se trata só do dinheiro, não é só a casa, não é só o trabalho, mas é o seu feminino, a sua alma, é o seu amor.

“Tentava enfatizar também que elas podem amar novamente, encontrar um parceiro interessante, que vai partilhar a vida com elas, mas que, naquele momento, era importante elas se cuidarem, se curarem. Porque o que eu mais percebia era a dificuldade delas falarem que a pessoa que ela amou hoje era a pessoa que ela tinha mais medo, né? Então, assim você usar a palavra, usar o acolhimento para dar força a essa mulher”, afirma Liana.

Liana também destaca como ficou surpresa ao receber o prêmio. Para ela, é uma questão pessoal, porque também é mulher, e se solidariza com o sofrimento de sua colega, que está passando por uma situação difícil. Então, seu trabalho, segundo ela, a leva a ajudar outras mulheres.

“Eu fiquei muito feliz porque eu não imaginava que as mulheres me viam como uma pessoa que fazia tanta diferença na vida delas. Porque a gente trabalha arduamente, eu pelo menos amo o que eu faço, mas os desafios diários são muito difíceis. Então esse reconhecimento é muito bom por saber que eu sou um instrumento de transformação de alguém e de acolhimento também. Isso não tem preço, não tem preço”, finaliza a assistente social.

Fonte: Semduh

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