O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes classificou como “covardia” as ameaças aos técnicos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) após o aval para vacinação de crianças contra covid-19.
“Não faz sentido divulgar nomes de técnicos que exercem essa atividade, especialmente num ambiente tão conflagrado, como o que estamos vivendo. Basta olhar as mensagens no Twitter para ver que o tom é sempre de ameaça, essa chamada mensagem de ódio. Você ameaçar um técnico que está fazendo o seu trabalho é uma manifesta covardia”, disse o ministro. “Não faz sentido algum violar as regras de autonomia da agência”, complementou.
O posicionamento foi dado hoje de manhã ao UOL Entrevista, com a participação dos jornalistas Fabíola Cidral, Carol Brígido e Kennedy Alencar.
Anteriormente, o ministro já havia classificado o episódio como “uma vergonha nacional. Mostra como o discurso do ódio chegou a níveis alarmantes no país. Que as autoridades investiguem e garantam a segurança das famílias”.
A agência informou ontem, por meio de nota, que solicitou proteção policial para servidores e diretores envolvidos na aprovação do uso da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. Após o anúncio da agência, ocorrido na quinta-feira (16), o presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu a divulgação dos nomes dos profissionais envolvidos na aprovação.
A Anvisa encaminhou ofício ao procurador-geral da República, Augusto Aras, e ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional), ao Ministério da Justiça, à Diretoria-Geral da Polícia Federal (PF) e à Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal.
De acordo com a Anvisa, os diretores e servidores que participaram da indicação do uso da vacina para crianças entre 5 e 11 anos foram surpreendidos no sábado por “publicações nas mídias sociais na internet de ameaças, intimidações e ofensas por conta da referida decisão técnica da agência”.
Os nomes dos técnicos responsáveis pela resolução, no entanto, são de domínio público. Em entrevista ao UOL News na sexta-feira (17), o gerente geral de Medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes, afirmou que a decisão foi tomada com base em critérios técnicos.