Rússia: conversa sobre armas nucleares com EUA é necessária, mas improvável
O Kremlin disse hoje que está interessado em negociações com os Estados Unidos sobre armas nucleares, mas ponderou ser pouco provável que as conversas ocorram neste momento.
“Estamos interessados e acreditamos que a continuação das negociações e discussões sobre este tópico, dadas as mudanças tectônicas que estamos vendo. O mundo inteiro precisa deste tipo de negociações”, declarou Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, a jornalistas.
O embaixador dos EUA em Moscou, John J. Sullivan, teria afirmado também nesta segunda que a Rússia não deveria fechar a embaixada norte-americana no país, apesar da crise desencadeada pela guerra na Ucrânia, porque as duas maiores potências nucleares do mundo devem continuar a conversar.
A guerra, que já ultrapassou os 100 dias de duração, tem o temor de uma escalada nuclear a espreita — especialmente após movimentos de tropas russas em direção a usinas como a de Chernobyl e de Zaporizhzhia. A última tem funcionários ucranianos trabalhando sob supervisão russa.
Além disso, no domingo (5), a operadora de energia nuclear estatal da Ucrânia, Energoatom, disse que um míssil de cruzeiro russo voou “criticamente e baixa altitude” sobre uma grande usina nuclear na região de Mykolayiv.
“É provável que tenha sido o míssil que foi disparado na direção de Kiev”, disse o operador da usina Pivdennoukrainska, em uma publicação no Telegram. A capital ucraniana foi atingida ontem novamente por ataques.
Em comunicado, a agência denuncia que as forças russas “ainda não entendem que mesmo o menor fragmento de um míssil que pode atingir uma fonte de alimentação em funcionamento pode causar uma catástrofe nuclear e perda de radiação”.
O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi, afirmou também nesta segunda-feira que o órgão da ONU (Organização das Nações Unidas) irá enviar uma missão com especialistas para a usina de Zaporizhzhia.
A Ucrânia indicou agora que está preocupada com o fornecimento de peças de reposição à Central Nuclear de Zaporizhzhia (ZNPP), declarou Grossi numa reunião trimestral do Conselho de Governadores de 35 nações da sua agência, acrescentando que os dados sobre material nuclear ainda não estavam a ser transmitidos à AIEA como deveria.
“Tomei nota do apelo do governo ucraniano”, afirmou o chefe da pasta.
Ao longo do conflito, a Rússia negou que tenha como estratégia utilizar de ataques nucleares. Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Alexei Zaitsev, o uso das armas de destruição em massa não era aplicável ao que chama de sua operação militar especial na Ucrânia.
Com informações da Reuters