O deputado bolsonarista Nereu Crispim (PSL-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, entrou para a fila composta por aliados próximos do presidente que têm se decepcionado com sua condução do país.
À frente das negociações sobre as pautas dos caminhoneiros com a administração federal, o parlamentar afirma que Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes, da Economia, hoje “só trabalham para banqueiro e investidor da Bolsa de Valores”.
“Os R$ 400 que eles estão oferecendo é esmola para o caminhoneiro”, completa, em referência ao auxílio que Bolsonaro prometeu criar para a categoria.
Crispim também afirma que os caminhoneiros não querem mais conversar com o ministro Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, principal interlocutor da categoria até o momento. “Ele está empurrando tudo com a barriga há três anos. Chega”, afirma Crispim.
“A única pessoa que não queremos que participe de uma reunião com caminhoneiros é ele. Não fez nenhuma entrega por caminhoneiros autônomos. Fazemos questão de que não participe. Ele se dizia autorizado pelo governo para tocar essas pautas e nunca resolveu nada, desde 2018. Sempre conversa fiada”, acrescenta.
Após confirmar reunião com Crispim e representantes dos caminhoneiros para quinta-feira (28), a Secretaria Especial de Articulação Social do governo federal desmarcou por email alegando que havia sido veiculado na imprensa que ministros estariam presentes, o que não seria verdade.
“Em razão das notícias veiculadas na imprensa de que a reunião seria realizada com a participação de Ministros de Estado, o que não se coaduna com o convite enviado, esta Secretaria Especial de Articulação Social informa o cancelamento da reunião do dia 28”, diz mensagem enviada a Crispim pela chefe de gabinete do órgão.
Crispim, que diz ser o deputado mais leal ao governo em votações de pautas econômicas, afirma que Bolsonaro está encomendando a paralisação de 1º de novembro e que não há previsão de novos encontros para negociação com o governo Bolsonaro.
Ele está negociando reuniões com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
“Desta vez os caminhoneiros estão bem comprometidos, bem fechados. As pautas estão unificados, com piso mínimo, aposentadoria especial, ponto de parada. E o principal, a mudança da política de preços da Petrobras, que aniquila qualquer resultado financeiro dos caminhoneiros autônomos, que estão em situação de miséria, assim como a população, usando lenha para cozinhar, comprando osso a R$ 4”, afirma Crispim.
A avaliação no Palácio é a de que Crispim tenta se promover às custas do governo e que por isso a interlocução com ele foi interrompida. Mas lideranças dos caminhoneiros, como Wallace Landim, o Chorão, líder da greve de 2018, apontam Crispim como o negociador parlamentar da categoria.
Fonte: Folha de São Paulo/CM