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Aliadas a Bolsonaro, CBF e Conmebol temem efeito político na Copa América

A Copa América – que seria realizada na Argentina e Colômbia – só foi transferida para o Brasil de última hora por conta do aval do presidente da República, Jair Bolsonaro. Mas, agora, a Conmebol e a CBF temem que a polarização política afete a competição. Por isso, há uma avaliação de que é preciso reduzir a temperatura de política em torno do torneio.

Quando confirmou a Copa América no Brasil, o presidente da Conmebol, Alejandro Dominguez, agradeceu Bolsonaro. Ao anunciar as sedes do torneio, também repetiu o agradecimento. A presença dele na abertura do torneio é quase certa.

Ao mesmo tempo, a Copa América passou a receber críticas de infectologistas, de órgãos de imprensa e da CPI da Covid por ser realizada no meio de uma pandemia de coronavírus. Até uma convocação do presidente da CBF, Rogério Caboclo, foi cogitada. O Brasil convive com cerca de 2 mil mortos por dia pelo vírus.

Para completar, jogadores e o técnico Tite, da seleção brasileira, manifestaram incômodo com a competição, embora não tenham deixado claro qual o motivo. Isso gerou reação de apoiadores de Bolsonaro. Ao final, os atletas decidiram jogar a competição.

A avaliação em setores da CBF e da Conmebol é que esta polarização prejudica a competição. Patrocinadores ficam com receio de ativar suas propagandas com medo de reação ruim. Além disso, a própria transmissão do torneio, que ocorrerá no SBT, pode sofrer com revés. A “Folha de S. Paulo” noticiou que o Ministério Público Federal iria investigar as empresas parceiras da competição.

Outro temor é em relação a possíveis protestos que também prejudicam a imagem da competição. Só não haverá impacto na venda de ingresso porque a Copa América será realizada sem público.

Por isso, a ideia é reduzir a associação da Copa América a um lado político. Obviamente que Bolsonaro será bem recebido se decidir ir à abertura da competição em Brasília. Mas isso segue o protocolo de competição para receber o chefe-de-estado. O objetivo é evitar que a Copa América fique conhecida como o torneio do presidente porque isso gera contrariedade em seus opositores. Ao mesmo tempo, tem sido feito um esforço para rebater argumentos contra a competição.

Ao receber a sinalização dos jogadores de que atuariam, a CBF também tinha certa preocupação com o teor do manifesto que farão após o jogo com o Paraguai. O tom do técnico da seleção Tite, em sua entrevista coletiva antes do jogo, foi bem cauteloso, fugindo de perguntas sobre as críticas que recebeu de bolsonaristas. Como informado pelo colega Marcel Rizzo, a Conmebol não vai reprimir manifestações sobre o torneio feitas por jogadores desde que não quebrem regra da Fifa.

O afastamento do presidente da CBF, Rogério Caboclo, envolvido em um escândalo de assédio sexual, também ajuda a tirar a pressão sobre a Copa América. Foi ele o articulador da competição ao fazer uma ponte entre o governo federal e a Conmebol.

Na última Copa América no Brasil, em 2019, a Conmebol chegou a evitar que Bolsonaro entregasse a taça para a seleção. Mas os jogadores o chamaram para ir ao campo e ele posou com os atletas após o título.

Jogo do Poder

(Com informações Uol / RM)

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