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Talibã toma o controle de partes do aeroporto de Cabul e EUA dizem que não reconhecerão seu governo

Os talibãs tomaram o controle de partes do aeroporto de Cabul nesta sexta-feira (27), anunciou um porta-voz um dia após o duplo atentado que deixou dezenas de mortos no acesso às instalações. “Três importantes locais do setor militar do aeroporto foram evacuadas pelos americanos e estão sob o controle do Emirado Islâmico”, informou o porta-voz Bilal Karimi no Twitter. “Atualmente, só uma parte muito pequena está nas mãos dos americanos”, acrescentou.

Enquanto isso, a Casa Branca descartou nesta sexta-feira (27) qualquer possibilidade de reconhecimento rápido de um governo talibã pelos Estados Unidos ou seus aliados.

“Quero ser muito clara: não há pressa para o reconhecimento de nenhum tipo por parte dos Estados Unidos ou de qualquer aliado internacional com o qual tenhamos falado”, disse aos jornalistas a secretária de imprensa, Jen Psaki.

Os Estados Unidos estão em contato estreito com os talibãs, que retomaram o poder em 15 de agosto, enquanto tenta completar a arriscada operação para evacuar dezenas de milhares de pessoas do Afeganistão ao fim de uma guerra de 20 anos.

Outros atentados do grupo EI

Os Estados Unidos alertaram, nesta sexta-feira, que a ameaça de atentados persiste em Cabul após o ataque mortal do Estado Islâmico. Mais de 5.000 pessoas continuam dentro do aeroporto internacional da capital afegã esperando para serem retiradas.

Antes do atentado que matou dezenas de pessoas no aeroporto de Cabul na quinta-feira (26), o braço afegão do grupo do Estado Islâmico, EI-K, reivindicou ou foi responsabilizado por muitos ataques no Afeganistão.

Muitos causaram comoção, como o de maio de 2020 contra uma maternidade em um bairro predominantemente xiita da capital, que matou 25 pessoas, incluindo 16 mães e recém-nascidos. O EI-K é suspeito de estar por trás desse ataque.

Segue uma recapitulação dos ataques mais sangrentos reivindicados ou suspeitos de autoria da organização nos últimos cinco anos.

2021: Terror em uma escola – Em 8 de maio, uma série de explosões do lado de fora de uma escola no oeste de Cabul matou pelo menos 85 pessoas, a maioria estudantes jovens, e feriu 300. Há fortes suspeitas de que o grupo EI realizou o ataque.

2019: Massacre em um casamento – Em 17 de agosto de 2019, um atentado suicida matou 91 pessoas e feriu 180 pessoas em um casamento com 1.000 convidados no oeste de Cabul. O bombardeio foi reivindicado pelo braço afegão do EI, que alegou ter como alvo os xiitas, frequentemente atacados pelo EI, formado por radicais islâmicos sunitas.

2018: Ataque suicida em eleições – Em 22 de abril, um camicaze detonou os explosivos que levava consigo no meio de uma multidão em frente a um centro de contagem eleitoral em um bairro predominantemente xiita de Cabul, matando mais de 60, todos civis. O EI assumiu a responsabilidade pelo atentado suicida.

2017: Massacre em hospital – Em 8 de março, quatro agressores disfarçados de equipe médica atacam o maior hospital militar de Cabul, uma operação reivindicada pelo EI. O ataque causou 50 mortes, de acordo com o balanço oficial, ou mais de 100, de acordo com as forças de segurança.

O ataque, que durou seis horas, começou com uma primeira explosão provocada por um camicaze nos fundos do hospital, por onde entrou um comando para matar pacientes, profissionais de saúde e visitantes, alguns com faca e baioneta e outros com rifles e granadas.

2017: Mesquita xiita – Em 20 de outubro, um ataque a uma mesquita xiita no oeste de Cabul causou 56 mortes e 55 feridos, incluindo mulheres e crianças, durante as orações noturnas na mesquita Imam Zaman. O EI assumiu a responsabilidade pelo ataque.

2017: Cerimônia xiita – Em 28 de dezembro, um ataque suicida a um centro cultural xiita em Cabul causou 41 mortes e 84 feridos. Foi reivindicado pelo EI e também afetou a Agência de Voz Afegã, uma rede contrária ao EI, cujas instalações ficavam ao lado.

2016: Ataque a manifestação hazara – Em 23 de julho, um duplo ataque suicida em Cabul contra uma manifestação da minoria xiita Hazara deixou 84 mortos e 320 feridos. O atentando foi reivindicado pelo EI.

Jogo do Poder

(Com informações da AFP)

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