Sub-secretária-geral da ONU visita Casa de Saúde Yanomami e se reúne com lideranças indígenas
A sub-secretária-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e assessora especial para Prevenção do Genocídio, Alice Wairimu Nderitu, visitou a Casa de Apoio à Saúde Indígena Yanomami (Casai), na zona Rural de Boa Vista, nesse sábado (6).
A sub-secretária ouviu relatos de lideranças indígenas e das equipes de saúde que atuam na unidade, informou o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami.
Alice Nderitu se reuniu com a diretoria da Urihi Associação Yanomami e a Hutukara Yanomami, a mais representativa organização deste povo. As lideranças relataram à violação dos direitos da população, assim como o descaso e abandono da Terra Yanomami durante os últimos anos.
“O plano do governo sempre foi de exterminar a população Yanomami, denunciamos, clamamos e não fomos ouvidos, e o resultado foi a morte do nosso povo. O garimpo envenenou nossas águas e nossos alimentos”, disse Hekurari em uma rede social.
Durante a missão, ela também se reuniu com o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP) e o prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique (MDB).
Essa é a primeira vez que a sub-secretária visita o país, segundo a ONU Brasil. Durante sete dias, ela deve ser reunir com representantes do governo federal, de organizações da sociedade civil, comunidades indígenas e minorias em todo o país.
A visita tem foco especial na situação dos povos indígenas, dos afrodescendentes e de outros grupos e comunidades vulneráveis do Brasil. Ao final da missão, a assessora especial dará uma coletiva de imprensa virtual no Rio de Janeiro (RJ), no dia 12 de maio.
Terra Yanomami
Maior território indígena do Brasil, a Terra Indígena Yanomami enfrenta uma crise sanitária e humanitária sem precedentes, com casos graves de indígenas com malária e desnutrição severa – problemas agravados pelo avanço de garimpos ilegais nos últimos quatro anos.
A invasão do garimpo predatório, além de impactar no aumento de doenças no território, causa violência, conflitos armados e devasta o meio ambiente – com o aumento do desmatamento, poluição de rios devido ao uso do mercúrio, e prejuízos para a caça e a pesca, impactando nos recursos naturais essenciais à sobrevivência dos indígenas na floresta.
Desde o dia 20 de janeiro, a Terra Yanomami está em emergência de saúde pública . Desde então, o governo Federal atua para frear a crise com envio de profissionais de saúde, cestas básicas e desintrusão de garimpeiros do território – este último tem como linha de frente o Ibama, Polícia Federal, Força Nacional e Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Fonte: G1 – Foto: Alice Wairimu Nderitu durante reunião com lideranças indígenas, em Roraima. — Foto: Reprodução/Instagram/urihiyanomami