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Sem distribuição, 100 milhões de vacinas podem ir ao lixo nos países ricos

Com uma profunda concentração na distribuição de vacinas contra a covid-19 pelo mundo, governos poderão ter de colocar no lixo mais de 100 milhões de doses se elas não forem distribuídas imediatamente para os países pobres.

Dados divulgados nesta segunda-feira por uma consultoria do setor farmacêutico, a Airfinity, constata que mais de 100 milhões de vacinas estão programadas para expirar até o final do ano. Os cálculos apontam que os países do G7 e a UE terão mais 1 bilhão de vacinas do que precisam até o final de 2021 e 10% delas deverão expirar.

O alerta ocorre às vésperas da Assembleia Geral da ONU e que terá a questão da distribuição de vacinas como um de seus pontos centrais. Hoje, 75% de todas as vacinas administradas no mundo estavam em apenas dez países. Na África, o continente recebeu apenas 2% de toda a produção mundial.

A esperança da OMS era de que, até o final de setembro, todos os países do mundo tivessem vacinado pelo menos 10% de suas populações. Mas a meta não será atingida.

O problema, segundo os números, é que não existe uma falta de vacinas. E sim uma falha profunda em sua distribuição.

Mesmo que as 100 milhões de doses sejam enviadas aos países mais pobres, muitos governos precisam de pelo menos menos dois meses para conseguir usar cada uma delas.

“Uma vez considerado este prazo de validade de dois meses, o número de doses que podem ser potencialmente desperdiçadas chega a 241 milhões até o final de 2021, o que representa um quarto do estoque excedente do G7 e da UE », alerta a consultoria.

De acordo com o levantamento, as vacinas disponíveis nos países do G7 e na UE são suficientes para que os países mais pobres imunizem 70% de suas populações até maio de 2022.

«A Airfinity estima que o total global de casos de Covid-19 provavelmente excederá 400 milhões até meados de 2022 e a redistribuição imediata das vacinas poderia potencialmente evitar quase 1 milhão de mortes pelo vírus nesse período de tempo», aponta.

Para o CEO da Airfinity, Rasmus Bech Hansen, “o mundo testemunhou duas extraordinárias conquistas científicas na pandemia: o rápido desenvolvimento de vacinas altamente eficazes e o aumento sem precedentes da produção».

“Para que o mundo obtenha o pleno benefício disto nossos dados mostram que precisamos de uma terceira conquista igualmente inédita: uma campanha de vacinação em grande escala, rápida, coordenada globalmente, impulsionada pela ciência”, completou.

A análise antecede a Cúpula Mundial de Vacinas que será presidida pelo presidente dos EUA, Joe Biden, na quarta-feira, 22 de setembro. No evento, o americano irá propôr a meta de vacinação de 70% da população mundial até setembro de 2022.

Os dados foram enviados pelo embaixador da OMS e ex-primeiro-ministro Gordon Brown aos demais líderes mundiais, entre eles Joe Biden. Enquanto isso, a entidade Global Justice Now alertou que desperdiçar milhões de doses de vacinas seria uma “atrocidade”.

Jogo do Poder

Fonte: UOL

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