
Brasília – Parlamentares da oposição, aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), iniciaram, nesta terça-feira (25), um movimento de obstrução nos trabalhos da Câmara dos Deputados. A iniciativa ocorre em resposta ao julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), onde Bolsonaro figura como um dos denunciados e pode se tornar réu.
A liderança da mobilização está a cargo do deputado Zucco (PL-RS), que orientou os parlamentares oposicionistas a não registrarem presença no plenário e nas comissões, com exceção da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, presidida pelo deputado Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP).
A estratégia de obstrução está prevista para durar até quarta-feira (26), dias em que o STF estará analisando a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). “A oposição, na Câmara Federal, fará a sua obstrução como uma ação clara de repúdio ao que estamos vendo”, declarou Zucco em entrevista à imprensa.
O parlamentar argumentou que o julgamento tem um caráter político e que acredita na reversão da decisão na Justiça. “Até agora, o que parece é que há um movimento político, e não jurídico, em torno das acusações não só contra Bolsonaro, mas também contra os demais envolvidos”, afirmou.
Parlamentares acompanham julgamento no STF
Durante a manhã, deputados da bancada oposicionista foram ao STF para acompanhar o julgamento da denúncia contra oito acusados de participação em uma tentativa de golpe de Estado em 2022. No entanto, alguns parlamentares foram barrados na entrada e impedidos de assistir à sessão da Primeira Turma, enquanto outros conseguiram entrar.
A tentativa de acesso ao plenário do STF gerou tumulto na portaria do Supremo, onde foram ouvidos gritos, xingamentos e cobranças para que todos os deputados pudessem acompanhar o julgamento.
Na parte da tarde, os parlamentares não compareceram ao STF, pois estavam reunidos para discutir a proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. A reunião teve como pauta principal o requerimento de urgência para a tramitação do projeto.
Adiamento da otação da anistia
A bancada de oposição na Câmara descartou pautar, nesta semana, o requerimento de urgência do projeto de lei que prevê anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro. O presidente da Casa, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), está em viagem para a Ásia, o que influenciou a decisão de adiamento.
“A oposição vai solicitar ao presidente Hugo Motta a apresentação das assinaturas do projeto da anistia e o regime de urgência para que seja votado em plenário. O que está sendo falado aqui, hoje, pelo lado técnico, mostra que não houve golpe em lugar algum”, finalizou Zucco.
A expectativa é que a pressão da oposição sobre o STF e a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro continuem sendo temas centrais no Congresso Nacional nos próximos dias.
Edição: Jogo do Poder – Imagem: