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Oscar do ‘Ainda Estou Aqui” influencia nas decisões políticas e jurídicas

O Supremo Tribunal Federal (STF), por exemplo, retoma o debate sobre a Lei da Anistia

O filme ‘Ainda Estou Aqui’ marcou a história do cinema brasileiro ao conquistar o Oscar de Melhor Filme Internacional, mas seu impacto vai muito além da estatueta dourada. O longa reacendeu o interesse pelo cinema nacional, emocionou milhões de espectadores e, acima de tudo, reabriu debates políticos e históricos de grande relevância para o Brasil.

Impacto político e jurídico

O filme, que narra a trajetória de Eunice Paiva em busca do reconhecimento da responsabilidade do Estado pelo sequestro, tortura e morte do ex-deputado Rubens Paiva, gerou repercussões diretas na política e no judiciário. O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou o debate sobre a Lei da Anistia, enquanto o Ministério Público Federal (MPF) reabriu investigações sobre crimes da ditadura civil-militar (1964-1985). Além disso, a família Paiva finalmente obteve a retificação da certidão de óbito de Rubens Paiva, reconhecendo que sua morte foi violenta e causada pelo Estado.

A reabertura de processos relacionados ao período da ditadura poderá levar à responsabilização criminal de agentes de segurança envolvidos nesses crimes. O STF deve decidir nos próximos dias se a Lei da Anistia pode ser aplicada a casos de desaparecimento de vítimas do regime. A expectativa é que cerca de 50 ações semelhantes possam ganhar um novo desfecho.

Apoio de ministros do STF

A recepção calorosa do filme dentro do próprio STF é um indicativo da relevância do tema. O presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, destacou nas redes sociais a importância da obra para a memória nacional. Já o ministro Flávio Dino ressaltou como o longa renovou o debate sobre a Anistia, mencionando a atuação marcante de Fernanda Torres como um dos elementos que atualizam a discussão.

Reforço às comissões de memória

O sucesso do filme também fortaleceu iniciativas que investigam as violações cometidas durante a ditadura. A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), reinstalada em 2023, intensificou a análise das ossadas do Cemitério Dom Bosco, em São Paulo, além de continuar as buscas por corpos em outras regiões do país. Já a Comissão de Anistia, vinculada ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, ganhou novo fôlego para avaliar pedidos de reparação a perseguidos políticos.

Para os membros dessas comissões, Ainda Estou Aqui tem um papel fundamental no fortalecimento da democracia, garantindo que crimes do passado sejam reconhecidos e que novas violações não se repitam.

Resgate da memória nacional

Além do impacto político e institucional, o filme gerou um fenômeno cultural e educacional. Muitos jovens que pouco conheciam a ditadura militar passaram a discutir o tema, lotando cinemas e promovendo debates nas redes sociais. A recepção do público foi intensa, com aplausos e manifestações emocionadas ao final das sessões, muitas vezes acompanhadas de gritos como “Anistia nunca mais”.

Fernanda Torres, indicada ao Oscar por sua performance, se tornou um símbolo desse movimento. Sua presença carismática no exterior ajudou a projetar a imagem do Brasil como uma potência cinematográfica, capaz de contar histórias de relevância global. A atriz virou meme, fantasia de carnaval e capa de importantes revistas internacionais, consolidando sua posição como embaixadora cultural do país.

O cinema como ferramenta de reflexão

O Brasil, há muito reconhecido pelo futebol e pelo samba, agora também se destaca pelo cinema. Ainda Estou Aqui não é apenas um filme premiado; é um alerta sobre a importância de preservar a memória histórica e lutar por justiça. Afinal, o passado não pode ser apagado, mas deve servir como lição para que os erros não se repitam.

O legado dessa obra vai além das telas, transformando-se em um símbolo de resistência, democracia e verdade.

IA – Com informações CB – Imagem: X

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