A CPI da Covid ouve nesta terça-feira (22) o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), apontado como um dos integrantes do gabinete paralelo de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro fora da estrutura do Ministério da Saúde.
Como mostrou a Folha, documentos do Planalto entregues à CPI indicam ao menos 11 registros de reuniões com a presença de Terra para tratar de estratégias do governo no combate da pandemia, entre 4 de fevereiro de 2020 e 30 de março deste ano.
Médico e ex-ministro da Cidadania, Terra se transformou em um dos principais conselheiros do presidente em temas relacionados à Covid-19.
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11h5222.jun
Osmar Terra diz que não há gabinete paralelo
O deputado Osmar Terra disse que não há gabinete paralelo. Ele alegou que o presidente Jair Bolsonaro escuta todas as pessoas e sempre defendeu as vacinas nos encontros.
“Essa relação que tenho com o presidente é de amizade, assim como ele tem com muitos outros deputados. Quando, de vez em quando, o presidente me pergunta alguma coisa, eu falo.”
Ele disse que não se lembra quando conversou a primeira vez sobre a pandemia com o presidente Bolsonaro. Ele acredita ser no início de fevereiro.
“Sempre que tive a oportunidade de falar com o presidente, eu defendi a vacina. Quando ele assina a MP de R$ 20 bilhões para a compra de vacinas, ele me dá a caneta de tanto que falei de vacina.” (Raquel Lopes e Renato Machado)
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11h4222.jun
Terra reconhece que suas previsões eram otimistas e não se concretizaram
Em depoimento à CPI da Covid, o deputado federal Osmar (MDB-RS) reconheceu que suas previsões sobre o número de mortes e duração da pandemia do novo coronavírus eram otimistas e não se concretizaram.
Terra defendeu que suas previsões no início da pandemia foram feitas com base nos dados e experiências que existiam na época. O parlamentar afirmou que o número de mortes pela Covid-19 não seria superior a dois mil
“Eu sei que vão mostrar um monte de vídeos meus falando das previsões. Eu já quero antecipar aqui dizendo para vocês que as previsões que eu fiz foram baseadas não num estudo matemático apocalíptico, como foi o do Imperial College, mas nos fatos que existiam na época, em março”, afirmou.
Terra também reconheceu que não tem uma equipe de assessoramento epidemiológico. No entanto, afirma que baseou suas previsões com base no conhecimento das pandemias anteriores. Também disse que levou em conta os casos da China, da Coreia do Sul e de um navio cruzeiro que teve um surto da Covid-19.
“Aquelas previsões ali, senador, são baseadas no que eu disse antes. E são minhas conclusões, são conclusões pessoais. São baseadas na China: quem diria que a China, com 1 bilhão e 400 milhões de habitantes, tivesse 4 mil mortes até hoje?”, questionou.
“Diante desses dados, que eram os únicos que tínhamos na época, me permitiu ser otimista”, completou.
O parlamentar também mentiu ao falar que “nunca falou de imunidade de rebanho” como uma tese e que apenas constatou que essa imunização coletiva se dá ao fim das epidemias. O relator Renan Calheiros (MDB-AL) apresentou um vídeo no qual Terra aparece defendendo a tese como forma de combater a pandemia. (Raquel Lopes e Renato Machado)
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11h3822.jun
‘Se isolamento funcionasse, não morreria ninguém em asilo’, afirma Terra
Em depoimento à CPI da Covid, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) criticou novamente as medidas de isolamento social, usando como argumento o nível de infecções em asilos.
“Eu quero chamar a atenção só para um dado aqui, que pra mim justifica: se isolamento funcionasse, não morria ninguém em asilo”, afirmou.
No entanto, a comparação não pode ser feita porque o fato de pessoas viverem em asilos não configura uma prática de isolamento social. Os moradores dessas instituições constituem uma comunidade, na qual o vírus circula internamente, além de que funcionários e visitantes podem contribuir para infectar os internos.
Além disso, trata-se de uma população extremamente vulnerável ao novo coronavírus. (Raquel Lopes e Renato Machado)
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11h0822.jun
Terra afirma que não tem grupo de assessoramento epidemiológico, mas defende opinião e obrigação de dá-la
O deputado Osmar Terra disse que não tem grupo de assessoramento. Ele alegou que tem obrigação de dar opinião sobre a pandemia por ser político.
“Eu não tenho estrutura nenhuma, senador. Não sou gestor, não determino nada, não tenho recursos para isso. Eu sou uma pessoa que tem opinião e, como deputado, eu tenho obrigação de dar opinião. Se não nem justifica eu ser político, ter mandato. Eu sou obrigado a falar.”
Terra argumentou que suas previsões “otimistas” forma baseadas no surto da Covid na China, na Coreia do Sul e também em um navio de cruzeiro.
Ele disse ainda que não é negacionista e defende a vacina. Ao ser questionado o motivo de ter falado que a epidemia se encerraria em 14 semanas, respondeu que isso ocorreu em outras epidemias.
“Todas as epidemias anteriores foram assim. Esse vírus apresentou mutação mais rápida e surgiram novas cepas”. (Raquel Lopes e Renato Machado)
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10h5122.jun
‘Alguns políticos, como vossa excelência, sim infectaram a ciência’, diz presidente da CPI para Osmar Terra
O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), rebateu as falas do depoente da sessão desta terça-feira, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS).
Terra afirmou que a política infectou a ciência, para se referir aos ataques às medidas defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro.
“Quem primeiro começou a falar de teses que não deram resultado positivo não foi nenhum de nós aqui [na CPI da Covid]”, disse Omar Aziz
“A política não infectou a ciência. Alguns políticos, como vossa excelência, sim infectaram a ciência”, completou Aziz.
Terra também citou o exemplo da Suécia, que adotou inicialmente a tese da imunidade de rebanho, sem políticas de isolamento social. Nesse momento foi rebatido pelo vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que lembrou que o gabinete de governo do país europeu caiu por conta das falhas na pandemia. (Raquel Lopes e Renato Machado)
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10h4722.jun
Falta de caráter é a marca de Renan, diz Bolsonaro em dia de depoimento de Osmar Terra
No dia em que a CPI da Covid ouve o deputado Osmar Terra (MDB-RS), o presidente Jair Bolsonaro criticou nas redes sociais o relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL). O mandatário compartilhou imagens do senador e de seu filho, o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), juntos em atos políticos e disse que a “falta de caráter é a marca” do relator.
“Renan pai e filho fazendo aglomeração do bem. A falta de caráter é a marca do relator da CPI”, escreveu Bolsonaro.
A CPI da Covid ouve nesta terça Terra, apontado como um dos integrantes do gabinete paralelo de aconselhamento ao presidente Bolsonaro fora da estrutura do Ministério da Saúde.
Como mostrou a Folha, documentos do Planalto entregues à CPI indicam ao menos 11 registros de reuniões com a presença de Terra para tratar de estratégias do governo no combate da pandemia, entre 4 de fevereiro de 2020 e 30 de março deste ano.
Médico e ex-ministro da Cidadania, Terra se transformou em um dos principais conselheiros do presidente em temas relacionados à Covid-19. (Ricardo Della Coletta)
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10h3922.jun
Terra afirma que trancar pessoas em casa até desenvolvimento da vacina era ‘fora da realidade’
O deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) afirmou que as decisões no início da pandemia, em particular as medidas de isolamento social, foram tomadas por causa de “previsões apocalípticas”.
Terra, notório defensor da imunidade de rebanho, relativizou suas posições em depoimento à CPI da Covid, afirmando que essa imunidade coletiva é “consequência”, é “como terminam todas as pandemias”.
Disse que é um defensor das vacinas e que elas foram a grande revolução da saúde, mas que as imunizações nunca foram desenvolvidas a tempo em pandemias. Terra também criticou as formas de isolamento radicais, defendidas ao longo da pandemia.
“Trancar todo mundo em casa por 18 meses até encontrar a vacina. Ora, isso são propostas fora da realidade. O mundo tem que funcionar para as pessoas se alimentarem”, afirmou.
Terra também repetiu o argumento bolsonarista de que o Supremo Tribunal Federal tirou competência do presidente da República, de forma a minimizar a culpa de Jair Bolsonaro.
“Essas 500 mil mortes não estão acontecendo em outro país, em que o presidente poderia definir tudo”, afirmou, ao repetir que as pessoas ficaram em casa por decisão dos governadores. (Raquel Lopes e Renato Machado)
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10h1822.jun
CPI da Covid aprova lista de Renan que transforma 14 pessoas em investigados
Os senadores da CPI da Covid aprovaram a mudança na condição de 14 pessoas, que passaram da condição de testemunha para investigados pela comissão.
Renan apresentou na sexta-feira (18) a lista de investigados, incluindo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o ex-chanceler Ernesto Araújo e o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
Governistas reclamaram que a lista não foi votada pelo colegiado, para tentar anulá-la. O presidente Omar Aziz (PSD-AM) então decidiu colocá-la em votação, gerando ainda mais protestos.
Marcos Rogério (DEM-RO) então reclamou que isso não poderia ser feito, segundo o regimento interno do Senado.
“Estou fazendo porque eu posso”, respondeu Omar Aziz.
Os senadores também fizeram um minuto de silêncio, em homenagem aos 500 mil mortos em decorrência da Covid-19. (Raquel Lopes e Renato Machado)
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10h0022.jun
Governista pede que tratamento precoce seja retirado do relatório final da CPI; presidente nega
O senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) pediu nesta terça-feira que o tema tratamento precoce seja retirado do relatório final da comissão. A defesa do governo de tratamento com medicamentos sem comprovação de eficácia para tratar a Covid-19 é uma das frentes de investigação da comissão.
Rogério argumentou que o relator Renan Calheiros (MDB-AL) se recusou a elaborar perguntas para dois médicos especialistas, defensores do tratamento precoce, que participaram de sessão na última sexta-feira (18). O parlamentar disse que esse ato deixava claro que o relator “feriu frontalmente o direito ao contraditório” e que já “tem uma sentença pronta no colete”.
O presidente Omar Aziz (PSD-AM) rejeitou o pedido do governista, alegando que se tratava de uma sessão temática e não do depoimento de um convocado a explicar ações. Também disse que o relator elaborou questões sobre o tema a outros convocados, como a médica Nise Yamaguchi. (Raquel Lopes e Renato Machado)
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9h3522.jun
CPI abre sessão para ouvir deputado Osmar Terra
A CPI da Covid abriu a sessão desta terça-feira para colher o depoimento do deputado federal Osmar Terra (MDB-RS). O parlamentar defende a tese da imunidade de rebanho e chegou a declarar que as mortes por Covid-19 não passariam de duas mil. O Brasil já ultrapassou a marca de 500 mil óbitos em decorrência da doença.
Em depoimento à CPI da Covid, ex-ministro Eduardo Pazuello reconheceu que Terra falou “superficialmente” sobre imunidade de rebanho com ele
Terra também é apontado como um dos integrantes do gabinete paralelo, centro de aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro para temas ligados à pandemia, fora da estrutura do Ministério da Saúde. (Raquel Lopes e Renato Machado)
Imunidade de rebanho
Osmar Terra declarou que a tese de imunização de rebanho é consequência natural de qualquer pandemia e afirmou que as medidas de restrição, como o isolamento social e o lockdown, não salvaram sequer uma vida durante a crise sanitária provocada pela covid-19 — apesar de evidências científicas mostrarem justamente a importância deste tipo de medida para conter a disseminação do coronavírus.
A imunidade de rebanho se sustenta na ideia de que é possível atingir um ponto em que há uma quantidade suficiente de pessoas em determinada população que sejam imunes ao vírus, interrompendo assim a transmissão comunitária. No entanto, após mais de um ano de pandemia, a comunidade científica não sabe precisar a proporção da população que deve estar imunizada para que isso de fato aconteça. Cientistas defendem que o caminho da imunidade coletiva é a vacinação, e não a contaminação.
O parlamentar também minimizou os erros cometidos por ele ao tentar prever, no ano passado, o número de mortes decorrentes do coronavírus. Em uma de suas apostas, Terra disse que o país teria cerca de 2.000 óbitos. No último sábado (19), o Brasil ultrapassou a marca de 500 mil vidas perdidas.
O emedebista, que foi ministro da Cidadania do governo Bolsonaro até 14 de fevereiro do ano passado, é médico de formação e, com base nas investigações da CPI, é apontado como padrinho do chamado “gabinete paralelo”.
Alvo da comissão, o grupo com viés negacionista e sem vínculo com o Ministério da Saúde teria funcionado como uma consultoria informal ao presidente da República em questões relacionadas à pandemia, como o incentivo ao uso da cloroquina (remédio sem eficácia para tratamento da covid-19) e o processo de aquisição de vacinas. Além de Terra, fizeram parte dessa estrutura a médica Nise Yamaguchi, o ex-assessor Arthur Weintraub, o empresário Carlos Wizard, entre outros. Todos são investigados pela CPI.
Indagado sobre a imunização de rebanho —efeito que ocorre quando a maioria da população, já tendo sido contaminada, desenvolve naturalmente anticorpos contra uma determinada doença—, Terra alegou que suas manifestações durante da pandemia da covid-19 teriam sido “deturpadas”. Na versão dele, não houve defesa a essa tese na condição de política pública.
Não existe nenhuma proposta aqui de deixar a população se contaminar livremente. Nunca se fez isso. A imunidade de rebanho é uma consequência. A imunidade de rebanho é como terminam todas as pandemias, é o resultado final.
Osmar Terra, em depoimento à CPI da CovidO depoente afirmou ainda que “trancar” as pessoas em casa por 18 meses até que se tenha uma vacina é uma proposta “fora da realidade”.
“Se trancar todo mundo em casa por 18 meses, as pessoas, em um mês, dois meses, vão morrer de fome. O mundo tem que funcionar para as pessoas se alimentarem, para terem assistência médica, para terem os serviços públicos mínimos, para terem segurança, para terem as coisas… A indústria não pode parar. Então, se criou um medo e um pânico.”
Estudos publicados em revistas científicas de prestígio atestam que medidas de distanciamento e isolamento social funcionam para conter o vírus, entre elas o lockdown, que é a medida mais restritiva de isolamento.
Já sobre as previsões erradas quanto ao número de mortos na pandemia, o depoente se justificou ao dizer que elas se baseavam nos dados disponíveis à época, em referência aos primeiros meses da crise sanitária, entre fevereiro e março de 2020.
Segundo Terra, por outro lado, houve por parte de instituições acadêmicas e entidades de pesquisa previsões que ele classificou como “apocalípticas”, isto é, que calculavam um número de óbitos fora de um patamar supostamente razoável. Na visão do deputado, essas informações “assustaram muito a humanidade” e teriam sido responsáveis por disseminar “pânico”.
“Assustaram e criaram um efeito de manada, vamos dizer assim, em decisões em cascata de governantes, fechando tudo, trancando tudo, em cima de uma proposta que era de supressão”, declarou.
“Os fatos concretos que existiam em fevereiro e março eram a epidemia da China. A China teve um surto completo. Ela começou, subiu, desceu e terminou. Tem 4.000 mortes na China até hoje. Era o surto que tinha na época para ser analisado: 4.000 mortes num país de 1,4 bilhão de habitantes nos levaram à ideia de que não seria uma coisa tão grave.”
Fonte: Folha de São Paulo / UOL
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