Comunidades quilombolas do Piauí recebem título de terra
Da mesma forma que os negros eram proibidos de possuir gado no período pós-escravidão, também lhes foi negado o direito à terra e muitos escravizados libertados continuaram nas Fazendas Nacionais nas mesmas condições anteriores, de pressão, de violência e de desigualdade, e aqueles que saíram em busca de melhores condições para viver também não estavam livres da violência dos posseiros que se apresentavam como donos das terras públicas. No Piauí – e em todo o Brasil – as comunidades tradicionais quilombolas lutam e resistem há quase duzentos anos pela manutenção de seus territórios e de sua cultura.
Este é o caso também da comunidade quilombola Sabonete, situada no município de Isaías Coelho, a 319 km ao sul de Teresina, cuja resistência histórica contra a opressão e luta por justiça fundiária culminou, nesta quinta-feira, 24 de março de 2022, com o documento de titulação do território nas mãos dos líderes comunitários Ercílio e Edmilson Rodrigues, entregue pelo governador Wellington Dias, presença secretário de Fazenda e coordenador do PRO Piauí, Rafael Fonteles e de Rosalina dos Santos, gerente de Povos e Comunidades Tradicionais (GPCT), do Instituto de Terras do Piauí (Interpi).
Os descendentes de Dona Cândida e suas famílias estão vivenciando um novo capítulo de sua história, porque novas lutas e desafios certamente se apresentarão, mas garantidamente, não haverá mais nenhum posseiro impetrando perseguição e violência contra as famílias quilombolas para se apossar de suas terras, suas casas. Não poderá impor a violência do arame fardado ou qualquer outra cerca, impedindo o uso público das águas do rio Canindé, como outrora.
Fonte: CCom