Biden fecha pacto com Europa para substituir gás russo
A guerra entre Rússia e Ucrânia começa a transformar a rota do gás. Nesta sexta-feira, o governo dos Estados Unidos fechou um acordo para abastecer a Europa com gás natural, iniciando uma substituição do produto russo e reduzindo a dependência da UE (União Europeia) em relação à principal arma comercial do Kremlin.
“Queremos diversificar nosso abastecimento e sair da dependência que temos hoje da Rússia”, declarou a presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen. Segundo ela, o novo acordo será fechado com “aliados confiáveis”.
O pacto está sendo anunciado durante o último dia da visita do presidente dos EUA, Joe Biden, a Bruxelas. O americano participou das cúpulas da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), UE e do G7 (grupo das maiores economias do planeta), na esperança de mostrar ao mundo que existe uma aliança sólida entre as principais potências ocidentais.
Num primeiro momento, os EUA fornecerão 15 bilhões de metros cúbicos em 2022. Mas o volume irá aumentar nos próximos anos. Em dez anos, os americanos fornecerão anualmente 50 bilhões de metros cúbicos (bcm) de gás aos europeus.
A guerra na Ucrânia e as sanções aplicadas contra a Rússia fizeram com que os preços da energia atingissem novos patamares, inclusive afetando as previsões de crescimento para a economia mundial. Segundo a ONU, a expansão será em 2022 de 2,6%, uma redução substancial em comparação à taxa de 3,6%.
Diante do cenário, a Europa fechou um pacto para reduzir o uso de gás russo em dois terços este ano, ampliando a importação de energia de outros países, além do incremento de investimentos em energias renováveis.
Mas a relação com a energia russa tem sido alvo de polêmicas dentro da Europa. Desde o início da crise, os americanos têm pressionado Bruxelas a aplicar embargos contra o petróleo e gás russo. Mas, em pleno inverno e fortemente dependente do fornecimento de Moscou, diversos países europeus se recusaram a aceitar o plano.
A Rússia representa 40% das necessidades de gás da UE e mais de um quarto de suas importações de petróleo. Não por acaso, os países mais dependentes dessa fonte de fornecimento resistem a aderir a um projeto que implicaria um custo elevado para suas economias.
Fonte: UOL/JC