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Mil dias – Com alta rejeição, Bolsonaro tenta recuperar popularidade em viagens pelo país

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) inicia, nesta terça-feira (28/9), uma série de viagens pelo Brasil na tentativa de emplacar uma agenda positiva num momento em que a reprovação do governo está alta. Os eventos fazem parte da semana de comemoração pelos mil dias de mandato, completados no domingo (26/9).

Com o slogan “Mil dias de um governo sério, honesto e trabalhador”, a ideia do Palácio do Planalto é propagandear obras entregues na atual gestão e visitar regiões estratégicas para o presidente.

O roteiro de viagens inclui estados da região Nordeste, onde o mandatário tem os piores indicadores de aprovação, Norte, Centro-Oeste e Sul. Entre os ministros escalados para acompanhar as viagens, estão Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), João Roma (Cidadania), Ciro Nogueira (Casa Civil) e Gilson Machado (Turismo).

Os eventos também servirão de palco para ministros que buscam algum cargo eletivo em 2022, alguns dos quais estão licenciados de seus atuais mandatos.

Os elevados preços dos combustíveis e a inflação sobre os alimentos têm pressionado a popularidade de Bolsonaro. Segundo a última pesquisa Datafolha, 53% dos entrevistados reprovam o chefe do Palácio do Planalto, um recorde nos índices medidos pelo instituto desde o início do mandato.

A um ano das eleições de 2022 e com o avanço da campanha de vacinação no país, Bolsonaro busca retomar as viagens pelo Brasil para recuperar parcela da popularidade perdida de 2019 para cá. Ainda negociando um partido para disputar a reeleição, o mandatário tem evitado confirmar sua intenção de disputar novamente a cadeira no ano que vem para não ser acusado de propaganda eleitoral antecipada.

“Vai disputar eleição ou não? Não vou entrar nessa guerra”, declarou durante cerimônia realizada no Palácio do Planalto na segunda (27/9).

Agendas

A agenda de viagens do presidente inclui, ao menos, 27 eventos em todos os estados e no Distrito Federal. Bolsonaro deve participar de pelo menos um evento presencial por região. Nos demais, o chefe do Executivo federal marcará presença de forma remota.

Na manhã desta terça, Bolsonaro vai inaugurar trechos da duplicação das BR-101 e BR-116, em Teixeira de Freitas, na Bahia, além de entregar títulos de propriedades rurais. No período da tarde, o presidente deve participar da entrega de casas residenciais em Teotônio Vilela, em Alagoas, estado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP).

Também na terça, o ministro Ciro Nogueira (PP) vai representar o presidente Bolsonaro em agenda no seu reduto eleitoral, o Piauí, para a entrega da Unidade Operacional da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no município de Piripiri.

Na quarta-feira (29/9), em Boa Vista, Roraima, está prevista a inauguração da Usina Termelétrica Jaguatirica II, a concessão de aeroportos do Bloco Norte, além da entrega de veículos do programa Alimenta Brasil.

No dia seguinte, quinta-feira (30/9), Bolsonaro deve visitar uma estação de metrô em Belo Horizonte, Minas Gerais, ao lado do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

Fechando a agenda de viagens, na sexta-feira (1º/10), o mandatário do país deve ir à Anápolis, Goiás, onde assinará um contrato de concessão de três rodovias nacionais, e à Maringá, no Paraná, para participar da ampliação da área operacional do aeroporto da região. O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), deve acompanhar a agenda na cidade paranaense.

Parecer jurídico

De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, a Subchefia de Articulação e Monitoramento da Casa Civil reconheceu que o governo deve ser alvo de “eventuais questionamentos sobre o enquadramento da empreitada como propaganda eleitoral”.

No entanto, a pasta afirmou que as agendas têm o objetivo apenas de informar sobre projetos e políticas públicas do governo federal, promovendo “accountability e transparência”.

Nesse sentido, ainda segundo a reportagem, o Palácio do Planalto preparou um parecer jurídico para se blindar de eventuais acusações de propaganda eleitoral antecipada.

O documento foi elaborado pela Subchefia de Assuntos Jurídicos da Presidência em 16 de setembro. No texto, consta que é preciso “observar a prudência e a cautela” nos eventos a fim de “afastar possíveis interpretações que conduzam para uma situação de campanha eleitoral antecipada”.

“Portanto, reitera-se, em linha de princípio, sendo efetivamente o escopo descrito nos presentes autos, não se vislumbra óbice de natureza eleitoral [campanha eleitoral antecipada]; porém, ainda assim é de todo recomendável observar a prudência e a cautela em tais eventos, de modo a afastar possíveis interpretações que conduzam para uma situação de campanha eleitoral antecipada”, diz o parecer da SAJ.

“Não te contaram”

Divulgando peças da campanha desde a semana passada, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) adotou um mote para falar dos mil dias de governo: o “Não te contaram”.

Nos posts sobre os mil dias, a Secom cita entregas e realizações do governo Bolsonaro que não teriam saído na mídia ou recebido atenção suficiente dos veículos de comunicação.

Fonte: Metrópoles

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