Enfrentando um processo no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados após acusação de agredir um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) afirmou neste sábado (27) ao Brasil de Fato que vai aproveitar a oportunidade para mostrar que episódios de provocações por parte de “militantes” do grupo é comum, não só contra ele.
O episódio que deu origem ao processo aconteceu no último dia 16 (terça-feira), quando Gabriel Costenaro, em nome do MBL, foi à Câmara para gravar vídeos constrangendo parlamentares de esquerda. Glauber, que já tinha sido vítima de provocações por parte de Costenaro, reagiu e o expulsou do local.
O deputado disse que quer fazer do processo no Conselho de Ética uma oportunidade para deixar clara a articulação feita por representantes de grupos ligados à extrema direita não só contra ele próprio, mas também contra outros militantes e parlamentares de esquerda.
“Vamos fazer o enfrentamento político e procurar aproveitar essa oportunidade para poder fazer questionamentos e denúncias do que é essa milícia fascista do MBL e de de outros grupos e organizações de extrema direita. Quem financia, quem dá dinheiro, quem articula as ações daqueles que querem intimidar a esquerda?”, pontuou.
Ao BdF, Glauber disse que é preciso tirar lições do episódio e afirmou que o expediente adotado por Costenaro para provocá-lo (inclusive com citações à mãe do deputado) é uma estratégia comum dos integrantes do chamado “Movimento”. O deputado, porém, reconhece que há riscos ao mandato, já que o processo pode abrir portas para a cassação.
“Realmente tem um risco porque casam interesses diversos. É a extrema direita na articulação que vai, também, de uma não simpatia já consolidada do [presidente da Câmara, Arthur] Lira pelo nosso mandato. O que vou procurar fazer através do argumento político, da mobilização, é demonstrar que esse não é um caso pontual ou pessoal”, complementou.
Relator pode ser do PL
O processo disciplinar foi aberto a partir de representação do partido Novo. Esta é a terceira representação do tipo contra o deputado, que já foi acusado pelo PL, partido oficial do bolsonarismo, de ofender o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), em processo que foi arquivado; e de agredir fisicamente o deputado Abilio Brunini (este processo ainda está em andamento).
Glauber chegou a pedir que os parlamentares do PL fossem excluídos do sorteio que definiria o relator do caso, mas o pedido foi negado. O sorteio definiu que a relatoria ficará a cargo de parlamentar a ser definido entre Cabo Gilberto Silva (PL-PB), Rosângela Reis (PL-MG) e Sydney Leite (PSD-AM).
Com informações de Geisa Marques.
Fonte: Brasil de Fato/Edição: Camila Salmazio/Imagem: Pablo Valadares