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União Brasil lança Bivar como pré-candidato ao Planalto sob ceticismo

Sem pontuar na última pesquisa Datafolha de intenção de voto, o presidente da União Brasil, Luciano Bivar (PE), foi lançado pré-candidato à sucessão de Jair Bolsonaro (PL) sob desconfianças internas e em evento que teve três apagões de luz.

Com chances remotas de se tornar viável, a pré-candidatura de Bivar serve no momento a uma ala do partido que não quer se comprometer localmente nem com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nem com Bolsonaro, mas também atende a um grupo que quer apoiar o atual presidente da República.

Mesmo que a União Brasil tenha candidato na disputa presidencial, a avaliação é que o partido liberará seus filiados nos estados a darem palanque e fazerem campanha a quem quiserem.

Segundo dirigentes do partido, a manutenção do nome de Bivar na corrida presidenciável só será definida em julho, perto da convenção partidária. A campanha começa em agosto.

A ideia é avaliar em meados do ano se compensará uma aliança com algum candidato da terceira via, como Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT), ou se o melhor será manter Bivar para evitar que certos candidatos tenham que se posicionar nos estados —ou ainda se o ideal será não ter candidato e liberar o partido.

Ainda há integrantes do governo Bolsonaro que tentam atrair a União Brasil para uma aliança. Essa hipótese, porém, é vista como difícil por setores do partido refratários ao governo. O próprio Bivar rechaça se unir a Bolsonaro, uma vez que ambos acumularam atritos que resultaram na saída de Bolsonaro do antigo PSL.

Mesmo que insista em seguir candidato, Bivar corre risco de rifado por uma ala do partido de nomes oriundos do DEM.

A União Brasil detém o maior fundo eleitoral e tempo de televisão entre as siglas. Somando os fundos eleitoral e partidário, dispõe de quase R$ 1 bilhão.

O evento de lançamento do deputado, que é presidente do partido, ocorreu em um auditório em Brasília. O local estava lotado por pessoas com camisetas da União Brasil que gritavam majoritariamente nomes de pré-candidatos a deputado distrital, e não o de Bivar.

Logo após a entrada do pré-candidato no palco, foi feito um minuto de silêncio pelas vítimas das enchentes em Pernambuco, estado do parlamentar, e em seguida veiculado um vídeo com um jingle do partido. A peça propaga uma proposta de reforma tributária, que prega a criação de um imposto único.

No seu discurso, Bivar também reforçou a ideia, que é uma de suas bandeiras. “O liberalismo que pregamos não admite empresários mesquinhos ou poderosos que querem a reserva do mercado. A nossa simplificação tributária atenderá a todos”, disse.

“Eu não acho justo que os brasileiros vivam entre uma ameaça autoritária e outra populista”, afirmou o presidente do partido. “Nem esquerda nem direita, é hora de União Brasil.”

Bivar também agradeceu a ex-ministros dos governos Michel Temer (MDB) e Bolsonaro que integram seu partido e o ajudam no plano de governo, como Luiz Henrique Mandetta (Saúde), Fernando Coelho Bezerra Filho (Minas e Energia), Mendonça Filho (Educação) e Sergio Moro (Justiça).

Uma das figuras mais conhecidas do partido, o ex-ministro Moro ficou nesta terça-feira na extrema-direita da mesa composta por 16 políticos —no centro estava sentado Bivar.

O pré-candidato da União Brasil não pontuou na pesquisa mais recente do Datafolha. Moro filiou-se ao Podemos em novembro do ano passado no mesmo lugar onde ocorreu o evento para anunciar a pré-candidatura de Bivar. Enquanto estava na corrida presidencial, Moro pontuava em torno de 8% das intenções de voto.

Moro filiou-se à União Brasil em março deste ano e foi obrigado a abrir mão da ideia de disputar a sucessão de Bolsonaro.

A decisão sobre quem será candidato a vice de Bivar ainda não foi tomada, mas o nome considerado mais provável hoje é o da senadora Soraya Thronicke (MS).

Bivar anunciou um time que será responsável por elaborar seu plano de governo e contará com ex-ministros que integram a União Brasil.

Na chegada ao evento, Moro afirmou que todas as candidaturas de centro servirão de uma “trincheira contra o radicalismo”, como ele define as candidaturas de Jair Bolsonaro e de Lula.

“Todas as candidaturas de centro servirão como uma trincheira contra a radicalização do país, seja em 2022, seja em 2023 em diante”, afirmou.

Moro disse ainda não se sentir chateado por assumir um papel eleitoral secundário após o naufrágio de sua candidatura, cujo lançamento extraoficial ocorreu no mesmo centro de convenções (Ulysses Guimarães) usado por Bivar nesta terça. “Não, aquele foi um momento de filiação. Foi um momento feliz.”

O ex-ministro também afirmou considerar positiva a especulação de seu nome para ser candidato a deputado, ao Senado ou ao Governo de São Paulo.

“Fico feliz em ser lembrado para várias posições. É sinal, na verdade, de uma força eleitoral “, disse o ex-ministro, ressaltando não ter definido ainda seu futuro político. Ele estava acompanhado, no evento, da mulher, Rosângela.

Fonte: Folha de São Paulo

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