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Unaids alerta para altas taxas de violência a trabalhadores do sexo no Peru

Em 1996, um policial no Peru espancou Ángela Bustamante. Uma trabalhadora do sexo e ativista no país. Aqueles eram os primeiros anos à frente da organização Miluska Vida y Dignidad que ela acabara de criar.

O nome Miluska era para homenagear uma amiga, que também era trabalhadora do sexo, e morreu após ser espancada também por um policial. A ativista afirma que no Peru, o trabalho autônomo do sexo é legalizado, mas a criminalização sempre ocorreu.

Falta de emprego

Bustamente conta que a sua ONG foi a primeira organização para trabalhadores do sexo no Peru. No mesmo ano, Alejandra Fang, uma mulher trans foi presa por fazer do sexo um trabalho. Foi obrigada a se relacionar com um policial para sair da prisão e disse que a violência a traumatizou para sempre.

Para o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, Unaids, os casos de Angela e Alejandra são baseados em experiências negativas que se transformaram em oportunidades.  Juntas, elas formaram a Casa Trans Zuleymi e agora dirigem a Organização Feminista Trans.

A violência a trabalhadores do sexo e transgêneros no Peru é alta. O Ombudsman do país diz que 95,8% das mulheres trans já sofreram algum tipo de agressão. E 62,2% atuam como trabalhadores do sexo por falta de oportunidade de emprego em outras áreas. Neste universo, apenas 5,1% têm educação secundária.

Quatro assassinatos em uma semana

A organização de Angela Bustamante afirma que mais de 10 trabalhadores do sexo transgênero ou não foram assassinados desde o início deste ano no Peru. Em apenas uma semana, foram quatro assassinatos.

Unaids
Photo: UNAIDS

Em muitas províncias peruanas, eles têm que se esconder por semanas para se proteger. Com isso, muitos não têm como levar dinheiro para suas famílias. A agência da ONU também lembra que a criminalização evita com que as pessoas busquem justiça para casos de assédio, discriminação e até violência física.

O diretor do Unaids para os países andinos que são Peru, Equador, Bolívia e Colômbia, Andrea Bocardi, diz que muitas pessoas vivendo com HIV não têm como buscar ajuda. Esses casos existem em comunidades de afrodescendentes e indígenas.

Serviços de saúde

Muitos trabalhadores do sexo ficam sem acesso a serviços de saúde, emprego, educação e justiça.

Por causa da violência contra trabalhadores do sexo no Peru, as organizações de ambas as ativistas estão implementando um plano com o Ministério das Mulheres do país para Grupos Vulneráveis enfrentando a violência a mulheres trabalhadoras do sexo.

Na ação, mais de 100 policiais foram treinados para entender o universo de transgêneros e cisgêneros. A formação inclui noções de conhecimentos de direitos humanos, estigmas, discriminação e o papel essencial como agentes da justiça para contribuir na adoção de uma abordagem baseada em direitos humanos.

Fonte: ONU News – Imagem: Unsplash/Aarom Ore

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