Rompimento de barragem na Ucrânia leva ONU a mobilizar mais esforços
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, afirmou que suas equipes seguem trabalhando para garantir que a Usina Nuclear Zaporizhzhia, na Ucrânia, tenha quantidades máximas de água de resfriamento em reserva.
Rafael Mariano Grossi fará uma visita à instalação, que é a maior usina nuclear da Europa, na próxima semana. Ele quer ver de perto a situação do local após o rompimento da barragem na hidrelétrica de Kakhovka, nesta terça-feira. A Aiea informou que o rompimento da barragem eleva o risco de acidente nuclear.
Ação da ONU
Uma outra agência da ONU, o Fundo da ONU para Infância, Unicef, disse que pelo menos 40 cidades estão inundadas na região de Kherson após o incidente. O chefe de Comunicação do Unicef na Ucrânia, Damian Rance, contou que milhares de famílias foram forçadas a deixar suas casas.
Ele adiciona que pelo menos 16 mil pessoas em áreas controladas pelo governo ucraniano foram significativamente afetadas. Estima-se que outras 25 mil pessoas, na margem leste do rio e áreas não controladas pelo governo, também tenham sido atingidas.
O Unicef está fornecendo água, kits de higiene, artigos infantis e apoio financeiro.
Representantes de seis agências da ONU estiveram na região de Kherson para trabalhar com as autoridades sobre a necessidade de mais apoio. O Programa Mundial de Alimentos, PMA, está distribuindo alimentos prontos para consumo com parceiro local, entregando 7 mil porções até o momento.
Perigo de acidente nuclear
Ao citar o risco de acidente nuclear, o chefe da Aiea, Rafael Mariano Grossi, disse que a presença reforçada da Aiea em Zaporizhzhia é de vital importância para ajudar a prevenir o perigo de um acidente nuclear e outras consequências para as pessoas e o meio ambiente com o aumento da atividade militar na região.
Ele explica que a possível perda da principal fonte de água de resfriamento da usina complica ainda mais uma situação de segurança e proteção nuclear já “extremamente difícil e desafiadora.”
Apoio humanitário
A coordenadora humanitária e chefe da ONU na Ucrânia, Denise Brown, se reuniu, com o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba.
Ela reforçou o apoio das Nações Unidas desde o primeiro dia do rompimento da barragem de Kakhovka.
Brown disse que outras ações de resposta estão sendo elaboradas com as autoridades regionais para atingir as áreas mais amplas afetadas pelas enchentes rapidamente.
Segurança dos locais afetados
As equipes aguardam que a situação seja considerada segura, com os riscos de deslocamento de minas e munições não detonadas para áreas anteriormente avaliadas como limpas.
O plano da ONU é chegar a todos os ucranianos que precisam de apoio em ambas as margens do rio. E para isso, pede garantias de acesso e segurança, em particular à margem esquerda, sob controle militar russo. Mas até o momento, o acesso não foi dado.
A organização está em contato com todos os Ministérios relevantes do governo ucraniano na avaliação dos danos de longo prazo causados pelo rompimento da barragem.
Situação em Zaporizhzhia
A Agência Internacional de Energia Atômica está buscando assegurar o funcionamento da instalação caso não possa mais acessar o reservatório de Kakhovka.
Segundo o chefe da agência Rafael Mariano Grossi, as últimas informações indicam que o nível da água do reservatório caiu cerca de 2,8 metros desde que a barragem foi rompida, atingindo 14,03 metros.
A Aiea explica que, se o nível cair abaixo de 12,7 metros, a usina de Zaporizhzhia não conseguirá mais bombear água do reservatório para o local.
Fonte: ONU News – © Ukrainian Red Cross