Relatora pede libertação imediata de ex-vereador e opositor na Rússia
Alexei Gorinov foi o primeiro condenado por se opor à guerra na Ucrânia;
A relatora especial* das Nações Unidas sobre direitos humanos na Rússia pediu, na segunda-feira, a libertação imediata e incondicional do ex-vereador de Moscou, Alexei Gorinov. Ele foi o primeiro condenado pelo país ao se opor à guerra na Ucrânia.
A especialista Mariana Katzarova disse estar indignada com a gravidade das penas atualmente aplicadas na Rússia às vozes que se opõem de forma pacífica à guerra.
Segundo julgamento
Para a perita, Gorinov “paga um preço incrivelmente alto por exercer sua liberdade de expressão”, após uma condenação em um segundo julgamento, realizado em novembro, que o sentenciou a mais três anos de prisão.
O ex-vereador, de 63 anos, está cumprindo a primeira pena desde 2022. Naquela altura, ele foi sentenciado a sete anos.
Nesse processo, ele foi condenado por criticar colegas legisladores por estarem “fora da realidade” ao planejar uma competição de desenho infantil enquanto decorria a ofensiva da Ucrânia.
O veredicto declarou Gorinov culpado de “difundir de forma consciente informações falsas sobre as ações do Exército russo”, tornando-se o primeiro condenado político da nova guerra.
A relatora da ONU disse que mesmo com repetidos apelos feitos por ela, pela comunidade internacional e pela sociedade civil russa em favor da libertação de Gorinov nada foi feito.
Detenção arbitrária e julgamentos falsos
A especialista destaca que as autoridades russas continuam processando o opositor e outros indivíduos por razões políticas. Ela destaca que além de detenção arbitrária e julgamentos falsos, a condição de detenção em que vive corresponde a de tortura.”
No mais recente informe ao Conselho de Direitos Humanos, Katzarova ressalta que várias leis estavam sendo sistematicamente usadas para atingir manifestantes pacíficos e vozes dissidentes na Rússia.
A perita destacou que continuará pedindo a libertação de presos políticos, agora chegando a quase 2 mil, e possivelmente muitos mais.
Ela quer ainda o fim do “o abuso da legislação de segurança nacional para silenciar a dissidência na Rússia”.
*Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho.
Fonte e Imagem: ONU News