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Quem é Waldir Ferraz, amigo de Bolsonaro que tem cargo no governo do RJ

O jornalista Waldir Ferraz, 70, amigo de Jair Bolsonaro (PL) há mais de três décadas, é uma espécie de “faz-tudo” da família presidencial. Nesta semana se tornou assunto após declarações relacionadas à suposta prática de “rachadinha” em gabinetes do clã Bolsonaro.

À revista Veja, ele afirmou que Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente, foi responsável por comandar o esquema nos gabinetes do então deputado federal e dos filhos Flávio e Carlos. Poucas horas após a publicação, Waldir negou as declarações —ontem a revista publicou áudios.

Amigo do presidente desde o fim dos anos 1980, Waldir (ou Jacaré) já atuou como segurança, assessor e motorista dos Bolsonaro. Atualmente é assessor especial do governo do Rio, com salário bruto de R$ 12 mil.

Em 2020, foi candidato a vereador no Rio de Janeiro, sem sucesso, apesar do cabo eleitoral ilustre. No ano anterior, recebeu a honraria de Comendador (terceira de cinco níveis) na Ordem de Rio Branco, no Itamaraty.

Assessor informal

Apesar de não ter cargo oficial, Waldir continua próximo ao presidente e à família, principalmente do filho Carlos. Em seu Twitter, chama constantemente de “canalhas” e “picaretas” os opositores de Bolsonaro.

No Instagram, exibe imagens com o presidente e pessoas próximas do Palácio do Planalto, como o ex-ministro da Justiça André Mendonça —nomeado ministro do STF (Supremo Tribunal Federal)— e Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares.

O “assessor informal” se aproximou da imprensa em 2018 durante a campanha presidencial. Ele era responsável por atualizar repórteres sobre a agenda do então candidato Jair Bolsonaro. Até hoje, Waldir fornece a jornalistas informações sobre os planos do presidente quando no Rio de Janeiro.

Oficialmente, Waldir não exerce cargo no Planalto ou em gabinete parlamentar. Mas foi nomeado, há um ano, assessor especial na Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão do Rio de Janeiro, da gestão Cláudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro. No cargo, Waldir recebe salário de R$ 12 mil, recebendo líquidos R$ 9,024.18.

Parceria em ‘motociatas’

Waldir buscou alçar voos solitários na política e ter sua própria cadeira na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Em 2020, foi candidato a vereador com o apoio de Bolsonaro, que chegou a gravar um vídeo invertendo os papéis —o presidente dirigia um carro, enquanto elogiava o candidato, Waldir, no banco de trás.

O apoio de quem recebera 2.179.896 votos na cidade dois anos antes não foi suficiente: Waldir teve apenas 546 votos.

Sempre que precisa resolver pequenos problemas no Rio, Bolsonaro recorre ao velho amigo, que afirma falar com o presidente todos os dias.

Foi Waldir o responsável por organizar a “motociata” que cruzou a cidade do Rio em 23 de maio. Ele estava no palanque (foto acima) ao lado de Bolsonaro e de Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde e general da ativa, cuja participação em ato de caráter político foi questionada.

O amigo do presidente também esteve presente em motociatas em outros estados. Foi denunciado pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo), junto ao ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e outras 11 pessoas, por “eventuais ilegalidades sanitárias” na motociata de 12 de junho em São Paulo. Bolsonaro esteve presente.

De acordo com o MP-SP, Waldir é uma das pessoas que “participaram ostensivamente do evento em carro de som”, não utilizou máscaras e promoveu aglomerações, “estimulando por tal prática que os demais participantes também violassem cuidados mínimos para evitar propagação da pandemia de covid”.

Entrevistas à imprensa

Atualmente, Waldir mantém contato com o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) e, esporadicamente, vai ao Palácio do Planalto.

Não raramente, é repreendido pela família presidencial por conceder entrevistas à imprensa. A mais recente, à Veja, gerou grande repercussão.

Estampando a capa da edição semanal da publicação, Waldir deu detalhes sobre o esquema de rachadinha —prática em que funcionários devolvem parte do salário ao responsável pelo gabinete

Segundo afirmou à revista, Ana Cristina foi conquistando Bolsonaro aos poucos e teria se “infiltrado” para montar o esquema —à época, eles ainda não eram um casal.

Ainda de acordo com o relato de Waldir, o então deputado federal não sabia do esquema até 2018, quando as notícias sobre a investigação do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) vieram à tona.

O clã Bolsonaro e Ana Cristina Valle negam ter recolhido rachadinha em gabinetes parlamentares. Por telefone, a reportagem telefonou diversas vezes a Waldir na tarde de ontem, mas não conseguiu entrevistá-lo —ele chegou a atender uma das ligações e pediu que aguardasse em espera, mas não retomou a chamada.

Fonte: UOL

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