Putin diz que atacará novos alvos se Ucrânia receber armas de longo alcance
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou hoje que Moscou atacará novos alvos se a Ucrânia receber mísseis de longo alcance do Ocidente, horas depois que a capital Kiev foi atingida pela primeira vez em semanas.
Se a Ucrânia receber mísseis de longo alcance, “então tiraremos as conclusões apropriadas e usaremos nossas armas (…) para atacar alvos que não atingimos até agora”, disse Putin, sem especificar a que tipos de alvos estava se referindo, segundo trechos de uma entrevista que será transmitida esta noite pelo canal Rossiya-1.
Putin também disse que países do Ocidente querem prolongar a guerra. “Todo esse clamor por mais entregas de armas geralmente persegue o único objetivo de prolongar o conflito armado pelo maior tempo possível”.
Os Estados Unidos anunciaram na semana passada que forneceriam à Ucrânia um sistema avançado de mísseis. Segundo o presidente Joe Biden, a arma permite “atacar com maior precisão alvos-chave no campo de batalha na Ucrânia”.
A Ucrânia se comprometeu a usar mísseis de longo alcance enviados pelos Estados Unidos apenas para se defender, e não para atacar alvos em território russo.
Mais cedo, neste domingo, o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, reportou bombardeios ao amanhecer contra dois bairros da cidade, os primeiros contra a capital ucraniana desde 28 de abril.
A Rússia indicou que, com esse ataque, destruiu veículos blindados entregues à Ucrânia por países do Leste Europeu.
“Mísseis de alta precisão e longo alcance disparados pelas forças aeroespaciais russas sobre o subúrbio de Kiev destruíram tanques T-72 entregues por países do Leste Europeu e outros blindados que estavam em hangares”, disse o porta-voz do ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.
Severodonetsk “dividida”
No centro de Severodonetsk, uma cidade estratégica no leste da Ucrânia, “combates de rua” estão ocorrendo, enquanto as forças russas tentam controlar o Donbass.
Os russos perderam terreno nesta cidade, segundo o governador regional. “Os russos controlavam cerca de 70% da cidade, mas nos últimos dois dias foram repelidos. A cidade está dividida, eles têm medo de se movimentar livremente”, garantiu Sergii Gaidai, governador da região de Luhansk, parcialmente controlada por separatistas pró-Rússia desde 2014, e da qual Severodonetsk é a capital administrativa ucraniana.
De acordo com Gaidai, o general russo Alexander Dvornikov “estabeleceu uma meta: entre agora e 10 de junho tomar Severodonetsk completamente ou controlar a rota Lyssytchansk-Bajmut” que abrirá o caminho para Kramatorsk, a capital ucraniana de Donetsk, a outra maior região do Donbas.
“Todas as forças (russas) estão concentradas nessas duas tarefas”, disse ele.
O ministério da Defesa russo declarou no sábado que unidades militares ucranianas estavam se retirando de Severodonetsk “depois de terem sofrido perdas críticas durante os combates (até 90% em várias unidades)” em direção a Lyssytchansk, uma grande cidade vizinha.
Mas o prefeito de Severodonetsk, Olexander Striuk, disse no sábado que os combates de rua continuam e que as forças ucranianas estão tentando “restabelecer o controle total” da cidade.
E a guerra continua em outras frentes. De acordo com o ministro da Defesa ucraniano, “a Rússia continua se esforçando para ocupar todo o nosso Estado”.
O Kremlin sonha em “reunir as terras” que considera “suas”, incluindo “Polônia, países bálticos, Eslováquia e outros”, disse Oleksi Reznikov.
Na frente sul, na região de Kherson, Moscou “continua a bombardear os territórios ocupados e as posições do exército ucraniano”, anunciou a presidência ucraniana, que teme uma crise humanitária nas áreas em mãos russas.
O porto de Mykolaiv também foi atingido por um míssil, assim como uma empresa agrícola no grande porto de Odessa, onde “armazéns foram danificados” e duas pessoas morreram, segundo Kiev.
Uol, com informações de AFP e ANSA