Correio Brasiliense – Lideranças de partidos do Congresso já começam a acenar ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para integrar a base de apoio do novo governo. Um deles, o PSD, fará reunião de bancada na próxima terça-feira, com a presença do presidente da sigla, Gilberto Kassab, para definir se vai fechar com a nova gestão.
O líder do PSD no Senado, Nelsinho Trad, avalia que há possibilidade de o partido se aliar ao governo. Reeleito em outubro com 4.218.333 votos, o parlamentar afirmou ao Correio que articula o apoio com a bancada.
O PSD tem, atualmente, 46 deputados e 12 senadores, incluído aí o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (MG). E o PT corre contra o tempo para conseguir aliados e aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, com o objetivo de autorizar despesas fora do teto de gastos.
Na terça-feira, haverá uma reunião do presidente do PSD, Gilberto Kassab, com parlamentares. “Temos senadores que apoiaram Lula no primeiro turno. Tem (Carlos) Fávaro (MT), Omar Aziz (MT), eu, (Sérgio) Petecão (AC), Alexandre Silveira (MG), Daniela Ribeiro (PB). Também estou conversando com os senadores que não apoiaram”, disse Alencar, em uma referência a Nelsinho Trad (MS) e Vanderlan Cardoso (GO).
Em entrevista à Folha de S. Paulo, na quinta-feira, Kassab condicionou a construção com Lula ao apoio do presidente eleito a “bons projetos do PSD”, entre os quais, o aval à reeleição de Pacheco ao comando do Senado.
No União Brasil, o presidente da legenda, Luciano Bivar, já acenou à gestão petista e deve sentar à mesa com a cúpula do novo governo na próxima semana. Deputado federal por Pernambuco, ele já afirmou que não será “de jeito nenhum” oposição a Lula.
Bivar, cuja legenda tem 59 deputados federais, iniciou negociações para o partido brigar pela Presidência da Câmara. O xadrez em torno do cargo envolve, também, partidos que hoje formam o centrão aliado do presidente Jair Bolsonaro, como o PP — com Arthur Lira (AL), que busca a reeleição ao posto — e o Republicanos, com Marcos Pereira (SP).
Resistência
O União Brasil é fruto de uma fusão entre DEM e PSL — partido de Bolsonaro em 2018 — e tem muitos parlamentares conservadores tanto na Câmara quanto no Senado, o que deve gerar dissidência mesmo com a formalização de uma aliança. Entre os nomes com forte resistência a Lula e ao PT, está Sergio Moro (PR), ex-juiz da Lava-Jato e agora senador eleito.
Crítica de Lula, a senadora e ex-presidenciável Soraya Thronicke (MS) entende que a posição do partido será fazer o melhor para o Brasil. “O que nós queremos é reconstruir este país e vamos trabalhar por isso. O que nós estamos pensando e trabalhando — hoje (ontem) ainda falei com o Bivar —, é que somos liberais na economia, e a gente sabe que um partido de esquerda tem dificuldade nessas pautas, mas o que a gente percebe é que mesmo o Bolsonaro não foi liberal na economia. Não fez o que foi combinado, e não consideramos que ele teve uma política liberal”, frisou. “Se eu concordar com as propostas do novo governo, vou acompanhar, mas venho do combate à corrupção e da liberdade econômica. Não abro mão desses princípios”, acrescentou.
Outro partido que deve compor com o novo governo é o MDB. Além do apoio da senadora Simone Tebet (MS) — que mergulhou na campanha de Lula à Presidência e deve assumir um ministério de grande porte —, o presidente eleito tem fortes aliados na legenda. No Senado, são nomes como Marcelo Castro (PI), Veneziano Vital do Rêgo (PB), Renan Calheiros (AL) e o senador eleito Renan Filho (AL). Na Câmara, o líder do partido, Isnaldo Bulhões Jr (AL) também deve compor a base. A tendência é de que Baleia Rossi (SP), deputado federal e presidente do partido, oficialize o apoio do MDB.
Nos bastidores, o PT também começou negociações com partidos do Centrão de Bolsonaro, como PP e Republicanos. A possibilidade de união, no entanto, foi rechaçada por Renan Calheiros. Ele defende “gelo” às legendas aliadas do atual governo.
Fonte: Correio Brasiliense/Imagem: Waldemir Barreto/Agencia Senado