Primeira-ministra da Escócia anuncia renúncia
A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, anunciou nesta quarta-feira (15/02) sua renúncia, após oito anos no cargo. A líder do Partido Nacional Escocês (SNP) disse que irá permanecer no poder até que um sucessor seja eleito pela legenda.
Em entrevista coletiva em Edimburgo, Sturgeon disse que a sua renúncia não está relacionada a problemas recentes. “Essa decisão vem de um processo mais profundo e de uma avaliação de longo prazo”, ressaltou. “Dar absolutamente tudo de si por esse trabalho é a única maneira de realiza-lo”, argumentou, acrescentando que já está há muito tempo no cargo.
Fervorosa defensora da independência da Escócia e primeira mulher a liderar o governo escocês, Sturgeon assumiu o cargo em 2014, após a vitória do “não” no referendo sobre a independência do país do Reino Unido. A renúncia ocorre em meio a embates com o governo britânico.
Projeto de lei escocês vetado
Em janeiro, o governo britânico vetou um projeto de lei que visava facilitar o processo de mudança de gênero a partir dos 16 anos na Escócia, defendendo a decisão com a “garantia de segurança de mulheres e crianças”. Sturgeon considerou a decisão um “ataque frontal” à autonomia do parlamento escocês.
A decisão da renúncia de Sturgeon surpreender analistas políticos, apesar da controvérsia em curso sobre a questão da mudança de gênero. A premiê prometeu levar o governo britânico aos tribunais por ter bloqueado a lei e argumentou que o governo conservador do Reino Unido estava cometendo um “erro profundo” ao vetar o projeto.
Aclamado como um marco por ativistas dos direitos dos transgêneros, o projeto de lei permitiria que pessoas com 16 anos ou mais na Escócia mudassem o gênero nos seus documentos de identidade por autodeclaração, eliminando a necessidade de um diagnóstico médico de disforia de gênero.
Além da lei barrada, Sturgeon defendeu a realização de um novo referendo sobre a independência da Escócia. Ela sofreu uma derrota em novembro passado, quando a Suprema Corte britânica determinou que a Escócia precisava da autorização do Parlamento do Reino Unido para realizar a votação.
A Escócia faz parte do Reino Unido, mas, como o País de Gales e a Irlanda do Norte, tem seu próprio governo semiautônomo com amplos poderes sobre áreas como saúde.
Fonte: DW – cn/lf (Reuters, AFP, Lusa)/Foto: Jane Barlow/PA Wire/picture alliance