Países da América do Sul manifestam preocupação após queda do governo na Síria
A Venezuela foi um dos países da região que se manifestou por meio do Ministério das Relações Exteriores
Na madrugada de domingo (8), forças rebeldes islamistas assumiram o controle da capital síria, Damasco, encerrando quase 25 anos de governo de Bashar al-Assad. A ofensiva liderada pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) começou em 29 de novembro e culminou na tomada de Aleppo antes de alcançar a capital. Assad deixou o país e foi acolhido pela Rússia, marcando um novo capítulo no conflito sírio.
Impactos regionais e globais
A queda de Assad desencadeou uma série de reações de governos ao redor do mundo. A Venezuela, por meio de seu Ministério das Relações Exteriores, destacou a importância de uma resolução pacífica para o conflito e o respeito à soberania síria. “A Venezuela reitera seu compromisso com a preservação da unidade territorial da Síria”, afirmou em comunicado.
O presidente colombiano Gustavo Petro expressou preocupação com a crescente influência israelense na região e a ascensão de regimes fundamentalistas. Ele destacou que os palestinos e curdos podem enfrentar ainda mais isolamento, enquanto o Irã consolida sua presença xiita no Oriente Médio.
Cuba, alinhada ao governo sírio, pediu respeito à soberania e integridade territorial do país. O presidente Miguel Díaz-Canel relatou ter conversado com o embaixador cubano em Damasco, reforçando a preocupação com os desdobramentos. Em nota, o ministro cubano Bruno Rodríguez condenou a ocupação israelense nas Colinas de Golã, chamando-a de violação do direito internacional.
Respostas da América do Sul
Na América do Sul, apenas alguns governos se posicionaram. O Peru orientou seus cidadãos na região a buscar apoio no consulado em Cairo. O Brasil, por meio do Itamaraty, expressou preocupação com a escalada do conflito e pediu respeito ao direito internacional.
Enquanto isso, a Argentina recomendou que seus cidadãos deixassem o país o quanto antes. Chile, Bolívia, Uruguai, Paraguai e Equador ainda não emitiram declarações oficiais.
Intervenções e interesses externos
Após a queda de Assad, Israel mobilizou tropas para a zona desmilitarizada nas Colinas de Golã, aumentando tensões. A Rússia, que antes apoiava Assad, concedeu asilo a ele e sua família, mas não se pronunciou diretamente sobre os próximos passos no cenário sírio. Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden disse estar monitorando a situação, enquanto Donald Trump afirmou que Assad perdeu o apoio da Rússia, o que precipitou sua queda.
Um futuro incerto
Com o colapso do governo Assad, a Síria entra em uma nova fase de incertezas. O Irã, aliado do regime, reforçou a necessidade de autodeterminação do povo sírio, enquanto a comunidade internacional avalia as implicações da ofensiva rebelde. Especialistas alertam para uma possível fragmentação ainda maior do país e novos rearranjos de poder no Oriente Médio.
O conflito sírio, que começou em 2011, parecia ter arrefecido nos últimos anos, mas os eventos recentes demonstram que a instabilidade continua a definir a trajetória do país. As próximas semanas serão cruciais para determinar os rumos do território e o impacto nas relações internacionais.
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