Oxfam sugere taxar fortunas bilionárias contra desigualdade
Deutsche Welle – No primeiro dia do Fórum Econômico Mundial que acontece esta semana em Davos, na Suíça, a organização caritativa Oxfam divulgou seu relatório anual denunciando um aprofundamento da desigualdade mundial, com 1% das pessoas mais ricas do planeta acumulando o dobro das riquezas do restante da população mundial nos últimos dois anos.
A Oxfam pede a implementação de um imposto de até 5% sobre fortunas de multimilionários e bilionários, argumentando que a taxa poderia gerar até 1,7 trilhões de euros (R$ 8,6 trilhões) anuais – o suficiente para tirar 2 bilhões de pessoas da pobreza. Além disso, quer introduzir impostos solidários e taxas sobre lucros excessivos.
“Enquanto pessoas comuns fazem sacrifícios diários para conseguir itens essenciais como comida, os super-ricos superaram seus sonhos mais loucos”, criticou Gabriela Bucher, diretora executiva da Oxfam International.
“Em apenas dois anos, a década atual está se mostrando a melhor de todos os tempos para os bilionários”, destacou.
Intitulado Sobrevivência dos Mais Ricos, o relatório sobre desigualdade da Oxfam deste ano diz que dois terços de todas as novas riquezas geradas no mundo nos últimos dois anos – o equivalente a 42 trilhões de dólares (R$ 214 trilhões) foram acumulados por 1% da população mundial. O montante é quase o dobro da riqueza gerada por 99% das pessoas no mundo.
“As fortunas bilionárias estão crescendo 2,7 trilhões de dólares (R$ 13,8 trilhões) por dia, até mesmo com a inflação pressionando para baixo os salários de 1,7 bilhões de trabalhadores”, diz a Oxfam, que combate a desigualdade no planeta e é uma organizações internacionais mais críticas ao Fórum Econômico Mundial.
Desculpas para aumentar preços
Para a Oxfam, as empresas de alimentos que aumentaram seus lucros com a subida da inflação mundial deveriam pagar impostos extraordinários para diminuir a desigualdade do planeta.
Assim como as empresas de energia, a Oxfam critica as empresas de alimentos por usar as mudanças climáticas, o aumento do custo de vida, a invasão da Ucrânia pela Rússia e a pandemia de covid-19 como desculpa para aumentar os preços ao consumidor.
A organização avaliou 95 empresas que tiveram lucros excessivos e diz que 84% desses lucros foram pagos a acionistas, enquanto os preços maiores foram repassados a consumidores.
Alguns governos decidiram taxar empresas fornecedoras de combustíveis fósseis pelos lucros extraordinários depois que a guerra na Ucrânia gerou aumento dos preços de petróleo e gás natural desde a invasão do país pela Rússia, em fevereiro do ano passado.
Imposto para empresas de alimentos
Segundo a Oxfam, empresas de energia e de alimentos fazem parte das indústrias dominadas por um pequeno número de companhias que têm oligopólios efetivos, e que a falta de competição permite que essas empresas mantenham os preços altos.
Fonte: DW Brasil